25.1.07

um sonho estranho

foi assim, tava todo mundo e era ano novo. mas não era novo tempo pra mim. eram apenas recordações, sabe? todos do passado estavam lá. mas tinham umas pessoas chaves do presente, como minha mãe e duas tias. uma estava mal, bem mal. era uma casa grandona, já na areia da praia. tinha uma entrada pela lateral, com escadinha de 3 degraus. só na virada, quando fui pular as ondas, descobri que a praia havia secado. só tinha sobrado um pouco de areia e água na nossa casa (será que era minha?). a praia tinha ficado uma coisa horrível. tinham uns lodos/lamas do lado do pedacinho de areia. eu fiquei assustadíssima e comecei a perguntar o que tinha acontecido. todos me explicavam com a maior calma que tinha tido uma grande enchente, seguida de uma seca e o mar tinha secado. a lama tinha descido da serra e sobrou aquilo. mas todo mundo ainda ia veranear por lá. ninguém se importava. o clima ainda era de praia. e me diziam com muito espanto que isso tinha sido há muito tempo. como eu ainda não tinha visto? é, realmente, como eu ainda não sabia disso. lembro que corri pro meu pai. ah, ele também estava na festa. ele confirmou com a cabeça. poxa, ele sabia também... e daí fui encontrando todos do passado e todos me olhavam aflitos. como eu não sabia??? eu voltei pra areia e tinha uma escola de samba lá. incrível, uma escola de samba inteira. o povo quase caindo no lodo/lama. aquela coisa fedorenta. e ninguém ligava. as champanhes. tinha até confete. tava todo mundo de branco, mas como a areia era da casa, o povo vinha pela lama/lodo e a roupas ficavam todas sujas. eu olhava indignada e ninguém se abalava. estavam todos confraternizando. daí lembrei da criança. imaginei que ela estaria lá. comecei a procurar e procurar. abri uma porta achei uma criança loira, loira, branca. muito branca. estava no quarto, sozinha, sentada numa cama. devia ter uns seis meses.. muitos armários de madeira. entrei e me aproximei da criança. ela tinha olhos claros. cheguei mais perto ainda. a criança era eu.

Há que se


Texto: Camila Andrietta
Vídeo: Thais Ueda
Trilha sonora: André Rato

23.1.07

é, nada é tão interessante quanto o seu olhar. tento me contentar com as flores. algumas borboletas coloridas. o sol se pondo por sob a cidade que arde em brasa mansa. mas nada me atrai tanto quanto seus olhos castanho-avelã-brilhantes. sim, eu atravessaria as muralhas para mirar por dentro deles e enxergar sua alma. atravessaria o oceano. dobraria as marés. viraria concha. tudo pra te ter olhando fixo dentro de mim. porque nada, nada me comove mais que sua sombra. porque por mais que eu insista em fixar-me em outras coisas, o que me move é a certeza de sua existência. sua existência marota e descompromissada. sua existência tão despersonificada de minha essência. sua existência amarelo sol por outros ares e outras bandas. parece que tudo conspira. pedaços seus espalhados. sempre há o que lembrar. mesmo com todo contratempo no caminho. vislumbro-te em todos os lugares que habito. está na rua. está na chuva. está na lua. está em cada palavra que escrevi (pra ti). e permanece em meu peito, inelutável.

* é, hoje eu acordei com mais você que ontem...

22.1.07

Se



Texto: Camila Andrietta
Vídeo: Thais Ueda
Trilha sonora: André Rato

Vazio



Texto: Camila Andrietta
Vídeo: Thais Ueda
Trilha sonora: André Rato

21.1.07

pano com flor. imensidão. escracha e fala. joga na cara. lava a alma. entre um permear e outro. cruzar das pernas. tão perto e tão inatingível. oblíquo. opaco. ofusca e lusca (fusca). tudo tão blasé que seca a boca. que seca a fala. que seca o tempo. fica um papo nonsense do que foi há muito, sem nunca jamais ter sido nada. e não há chance de ser, apenas. é isso. no meio de todo o cheiro de mar que impregna, olho o seu olho e descubro. uma coisa mais pra carma que pra simples encontro, reencontro, desencontros. muito dessabor pra uma só laranja. pra quebrar o gelo só aquelas todas e mais umas. pura e sem gelo, claro. com sabor de desamor e amargor. desce a garganta, queima a língua. embrigada de álcool e de sua precisão. viro monstro e regorgito. cuspo todas as palavras que me aparecem na cabeça. não vejo cavalheirismo nos atos. arrasto-te comigo pela rua. vagueio bulinando com a sarjeta. ao mesmo tempo que quero o quero não quero dar-te o gosto do querer. assim permanecemos intactos e atados. rindo da nossa própria tolice. aos poucos os encontros. alucino. estremeço. o mesmo caminho das pedras amarelas. aquele mesmo caminho de tempos atrás. tudo está no mesmo lugar de antes. tudo com o mesmo gosto-cheiro. não, eu não preciso de você pra nada além disso. parado, absorto, observa. todo o movimento ritmado do meu corpo. sequência da sequência da minha querência. continuada e estremecida. um tanto abalada e enfurecida. pássaro da noite negra. lua nova. lua cheia. contenta-se sozinha em devaneio. não espera, não anuncia. apenas goza. como se fosse só aquele momento e nada mais. nada mais importa. goza, ardente, fogosa. não importa, nada mais importa. sim, isso, apaga a luz e fecha a porta?

Dura na queda (Ela desatinou nº2)

Perdida
Na avenida
Canta seu enredo
Fora do Carnaval
Perdeu a saia
Perdeu o emprego
Desfila natural
Esquinas
Mil buzinas
Imagina orquestras
Samba no chafariz
Viva a folia
A dor não presta
Felicidade sim
O sol ensolarará a estrada dela
A lua alumiará o mar
A vida é bela
O sol, a estrada amarela
E as ondas, as ondas, as ondas

Bambeia
Cambaleia
É dura na queda
Custa a cair em si
Largou família
Bebeu veneno
E vai morrer de rir
Vagueia
Devaneia
Já apanhou à beça
Mas para quem sabe olhar
A flor também é
Ferida aberta
E não se vê chorar
O sol ensolarará a estrada dela
A lua alumiará o mar
A vida é bela
O sol, a estrada amarela
E as ondas, as ondas, as ondas

* Chico Buarque

Música que sempre amei na voz de Elza Sô (ares) e que amigo Ãyres diz sempre lembrar de mim ao ouvir, ressaltando que não existe nada mais Camileira que: Vagueia / Devaneia / Já apanhou à beça / Mas para quem sabe olhar / A flor também é /Ferida aberta / E não se vê chorar...

Saudades querido Ãyres.
Tem dias que você me faz mais falta que nunca. Como hoje. Dias que preciso dos conselhos mais masculinos possíveis. Dias que preciso apenas do seu abraço e da companhia sem palavras. Dias que preciso ouví-lo tocar as músicas mais deprês do mundo, pra lamentarmos a vida de olhos emocionados. Dias que preciso ouvir que sou sua amiga mais macho. Que preciso da gente junto, andando pela Consolação atrás de cigarros lá pelas 4 e meia da manhã. Que preciso de sua ajuda profissional, pra debatermos o melhos jeito de produzir alguma coisa. Que quero sentar e falar horas sobra a nova música brasileira. Ou falar horas sobra a velha música brasileira e seus maravilhosos compositores. De irmos pros shows que amamos juntos. De ficar ouvindo Chico e relembrando histórias. De falar e falar e falar sem parar na sua orelha. De ir pro encontro da galerinha da Cultura e ficar pedindo 10 e meeeeeeia da noite, na sua rede cultura! Não fui mais pra nenhum dos encontros desde que você se foi. Só tinha graça na sua companhia. Após um e vários na minha casa. Da gente chegar juntos, breacos e brigar até morrer pra termos uma comanda só nossa, afinal, somos vinho e vinho. Enfim, saudade absurdada de ti, meu amigo.

Não sou mulher para ser cozida.
Nego, sou mulher de ir pra grelha!

eu queria ser um email. assim, só para ser encaminhada

Amor de Índio

Tudo que move é sagrado
E remove as montanhas
Com todo cuidado, meu amor
Enquanto a chama arder
Todo dia te ver passar
Tudo viver a teu lado
Com o arco da promessa
Do azul pintado pra durar
Abelha fazendo mel
Vale o tempo que não voou
A estrela caiu do céu
O pedido que se pensou
O destino que se cumpriu
De sentir seu calor e ser todo
Todo dia é de viver
Para ser o que for e ser tudo
Sim, todo amor é sagrado
E o fruto do trabalho
É mais que sagrado, meu amor
A massa que faz o pão
Vale a luz do teu suor
Lembra que o sono é sagrado
E alimenta de horizontes
O tempo acordado de viver
No inverno te proteger
No verão sair pra pescar
No outono te conhecer
Primavera poder gostar
No estio me derreter
Pra na chuva dançar e andar junto
O destino que se cumpriu
De sentir seu calor e ser tudo

* Beto Guedes / Ronaldo Bastos

18.1.07

conto os segundos de minha ansiedade. olhar grudado no relógio. celular sempre a mão. uma hora chega a durar um dia todo. passinhos entre a sala e o quarto. uma olhada por sob a cidade, que fervilha lá fora. aqui dentro, o único movimento é minha irritação frenética. que fala comigo através do espelho. memorizo tudo que tenho pra falar. ordeno no papel, frase por frase. daqui a pouco, daqui a pouco. com isso eu cozinho, cozinho o almoço, o lanche da tarde, o jantar e a ceia. não há mais espaços pra tanta comida. as receitas da internet e minha invenções. o livrinho de receitas feito por mim. as panelas. e zupt, irritação. mas nada, ainda? volto a rodopiar pela casa. resolvo adentrar a frenética cidade. meia hora pra conseguir sair do quarto. mais meia hora pra chegar ao elevador. perdida, ando pela rua como se não houvesse movimento. não vejo os rostos, só os vultos e as sombras. pego o celular e mensagem de texto. é a operadora me lembrando que devo os tubos pra eles. nenhuma vontade de cobrar quem me deve... ai, essa ansiedade vai me deixar sem estômago.

17.1.07

Parir!



Parabéns hana*bi!

Entramos em trabalho de parto. Correria para a o nascimento. Cesárea marcada para o dia 22/01. Tomara que dê tempo.

Foi essa minha sensação hoje de manhã ao abrir meu email.

Obrigada Chinis. Obrigada mesmo.

16.1.07

o amor dobrou a esquina
rodopiou na fantasia
já era inverno em mim

eu sou forma de te ser, amor!

13.1.07

Não me pergunte aquilo que eu também não sei. Muito menos aquilo que eu realmente não quero saber.
Muitas vezes não saber é a melhor parte da história.

10.1.07




é esse seu jeito tímido e seus olhos apertados que te fazem assim, mágico e infinito. é o seu jeito de me falar as amarguras com tanta calma e paciência. é isso e tudo mais que te compõe. é isso, seu sorriso e seu cheiro. é isso tudo que faz com que meus pés rodeiem a nuca. deformando a alma, o cabelo e o pensamento. é o seu jeito de me puxar a orelha. é o seu dente um tiquinho mais pra frente. é a sopa com sotaque. é a pinga bissexual e nosso porre. é a discussão pelo sexo. é a troca da troca da troca das palavras. palavras exatas e empedradas. todas ditas pela sua boca e pairadas no ar. naquela ocasião que te disse que esperaria o tempo necessário de seu tempo. ainda hoje o ponteiro do relógio. o ponteiro marca o tempo do tempo que não veio. da solidão que estremeceu o céu da boca e fez da saliva brasa quente. é o tempo de esperar seus passos, fingindo que tô dormindo. é tudo isso e a gente rindo e olhando estrelas. é nosso passo trôpego na volta pra casa. é a garrafa de cachaça com a gente. é isso. é tudo isso e a ilusória imaginativa complexidade do seu abraço que só me faz te querer.

o sangue ferve. a alma que não é pura nem nada, contorce. é esse seu olhar que faz tudo isso. o joelho encostando no meu. o mundo no simples toque dos joelhos. era nada pra quem visse. era mais que um tanto assim pra nós. era o sinal do desabandono. meu consolo e canto. o ligeiro toque do seu joelho contra o meu. o coração palpitando. as mãos suando. só com muita pinga mesmo pra conseguir manter a ordem (ou desordem) interna. e o papo flui com toda desenvoltura da cachaça. sem nexos e um tanto deslexo. já não há mais assunto pra essa falta de beijo. boca com boca nos olhares. casualmente, caí a mão na perna. um arrepio frenético na espinha. é o seu corpo encontrando espaço na ausência do meu. com caça níquel e tudo, foi um beijo quente, ardente. cola com cola, não descola. aperta e não larga mais. infinitos de nós mesmos.

Há que se sorrir,
há que se dizer,
há que se amar,
há que se renascer,
há que se brilhar,
há que se doer,
há que se mostrar,
há que se deter.
Há vida, sempre.

e virou pedra. logo em seguida virou calor. amanheceu alaranjada. escutou a buzina. rodopiou na chuva. cuspiu tormenta. inalou benzina. consumiu enxofre. enfim, tornou-se humana.

o vazio
da sua
ausência
ecoa
sem fim
a minha
solidão

8.1.07

a casa!























na balada do pouso a batida é diferente!







noite de reveillon!










bora pra praia (com chuva mesmo)!






ah, essas mulheres...