21.1.07

pano com flor. imensidão. escracha e fala. joga na cara. lava a alma. entre um permear e outro. cruzar das pernas. tão perto e tão inatingível. oblíquo. opaco. ofusca e lusca (fusca). tudo tão blasé que seca a boca. que seca a fala. que seca o tempo. fica um papo nonsense do que foi há muito, sem nunca jamais ter sido nada. e não há chance de ser, apenas. é isso. no meio de todo o cheiro de mar que impregna, olho o seu olho e descubro. uma coisa mais pra carma que pra simples encontro, reencontro, desencontros. muito dessabor pra uma só laranja. pra quebrar o gelo só aquelas todas e mais umas. pura e sem gelo, claro. com sabor de desamor e amargor. desce a garganta, queima a língua. embrigada de álcool e de sua precisão. viro monstro e regorgito. cuspo todas as palavras que me aparecem na cabeça. não vejo cavalheirismo nos atos. arrasto-te comigo pela rua. vagueio bulinando com a sarjeta. ao mesmo tempo que quero o quero não quero dar-te o gosto do querer. assim permanecemos intactos e atados. rindo da nossa própria tolice. aos poucos os encontros. alucino. estremeço. o mesmo caminho das pedras amarelas. aquele mesmo caminho de tempos atrás. tudo está no mesmo lugar de antes. tudo com o mesmo gosto-cheiro. não, eu não preciso de você pra nada além disso. parado, absorto, observa. todo o movimento ritmado do meu corpo. sequência da sequência da minha querência. continuada e estremecida. um tanto abalada e enfurecida. pássaro da noite negra. lua nova. lua cheia. contenta-se sozinha em devaneio. não espera, não anuncia. apenas goza. como se fosse só aquele momento e nada mais. nada mais importa. goza, ardente, fogosa. não importa, nada mais importa. sim, isso, apaga a luz e fecha a porta?

0 Comments: