26.2.08

talvez porque era pra ser assim. talvez porque era pra não ser coisa alguma e eu procuro o significado de tudo. significado e suas significantes. signos e caos. imenso desapego que ainda dá pontas de existir. mas não por coisas materiais. pessoas, aromas, lugares. procuro meu livro no que restou dos últimos seis meses. feliz, percebo que ele não sucumbiu. ainda está na estante. talvez seja hora de relê-lo. ou só não havia de perdê-lo. observo tudo na certeza de nada ser meu. poucos dias e tudo estará novamente em caixas, ainda sem destino certo. como um barco sem remo. eu bem que prefiro ser "as caixas". não se preocupam com o caminho. não querem sair do lugar. são carregadas felizes e para onde forem despachadas, se contentam. se alguma desgarra no caminho, nenhum sentimento lhes acometem. não faz diferença se estão cheias ou vazias. tanto faz transportarem perfumes, livros ou calcinhas. enquanto que eu dobro uma a uma, passo fita. escolho o que vai aqui, o que vai lá. embrulho, empacoto. resolvo o caminho. decido a direção. tenho que cuidar de cada uma, sabendo o que carregam por dentro. cuidando do conteúdo e do seu destino. e quando alguma me foge e como se me escapasse um pedaço irrecuperável.

2 Comments:

Carmim said...

Era mais fácil se nós e os que nos rodeiam fossemos como as caixas possíveis de despachar e perder sem qualquer preocupação... mas o ser humano é muito mais... às vezes, simplesmente mais confusão, mas é o que somos!!

Beijos.

www.vivovermelho.blogspot.com

Nanda Nascimento said...

Nada nos passa despercebido, sentimos falta de um olhar, sorriso, uma piada, e quando mudamos sempre buscamos por onde passamos por estes olhares...

Beijos e flores!!