23.8.07

está sendo aos poucos, está sim. em doses homeopáticas. no entanto, minha morte é dolorida. cada palavra. cada risco de giz. vai definhando por dentro. por fora, bela viola. é assim não é? chamam de forte quem disfarça que tudo é nada. travestida de pedra, encaro a vida. acho que a pior sensação é saber que nada pode ser feito. criar uma loucura própria. não compartilhada com ninguém. regras e regras de meu próprio sustento. procurar um motivo. não ter motivo algum. achados e perdidos. muito descaso e pouco respeito. comigo mesma, desconstruindo. só pra bater no peito e dizer que tenho direito. horas e horas da mais profunda solidão. abismo lento. é tão tão, e tem um pra que isso. mesmo que incompreendido no meio de tudo. não foi por descuido, não foi acaso. parece que o céu desaba sob a minha cabeça e eu apenas observo. sem desvios, sem prolongas. tão aqui e ao mesmo tempo tão distante. acompanhando tudo num devaneio. insanidade e insônia. mais um tanto de coisa que vem na mesma leva. e de repente me pego de novo tentando encontrar um pontinho em toda essa questão. mas a verdade é que eu fiquei dançando sozinha na pista depois de ter sido tirada pra dançar. fiquei dançando e deixei a música tocar sem ritmo, descompassada. porque eu sou muito cética e inebriada. porque não consegui dar o revestrés. a cada dia nova facada escancara a ferida. purulenta, fétida. ainda aberta.

2 Comments:

Anônimo said...

E quem nunca se vestiu, escondeu-se, só para fazer pose de algo que não é e nunca foi?...
Bjitos!

Carmim said...

Tantas de nós já se viram sozinhas na pista depois de terem sido tiradas para dançar... entendo bem esse sentimento, mas acima de tudo entendo o descompasso, a incapacidade de dizer "Basta".

Mas, não é pelo céu que desaba que se desiste. A hora é de rasgar as roupas velhas da angústia, e encarar o mundão de céu que ainda existe à nossa frente.
Feridas abertas sangram, levam tempo a cicatrizar, mas não matam... a menos que a gente se descuide.

Beijo.