26.12.06

houve o tempo que secava mais fácil. agora, morrer por inteiro está difícil. o tempo anda úmido por essa região. eu sou pé de planta. morrer cada folha pra nascer a vida. estou murcha e úmida. não há renascer. só comigo mesmo. relutando o pouco do pouco que sobra. não aceitar é simples. refutar. contestar. está claro e foi decidido. não ainda assimilado. sou eu e só eu. a convivência comigo, ao menos, foi reestabelecida. estamos temporariamente em paz. juntas resolvemos encarar a tempestade. tudo lá fora me atormenta. as buzinas, o latido, a sensação de vida cotidiana. aqui dentro, trancada, lacrada, os temores aliviam. olho por tudo e me dá medo me ver nas coisas. queria sumir com qualquer pedaço de mim. começar do zero. isso sim seria renascer. novamente o turbilhão de pensaments me consome. cai o mundo com tamanha naturalidade. nada é certo e tampouco concreto. sei do que está aqui e não poderia existir. ultimamente, essa anda sendo minha única certeza. o que não deveria ser é o que há de mais real. tanto que me vejo falando sozinha. como se isso fosse me convencer de que é insensatez. logo eu que não sei ser racional. é tanto e fica aqui guardado. sem chances de vislumbrar uma possibilidade. mas é intrínseco e não posso lutar. não tenho forças. eu resolvi brincar e agora não sustento. aos poucos me dilacera de mim. corrompe meus sentidos. está tão em mim que não sai mais. perdi a trilha que movia tudo em sintonia. era pra ser algo assim, corriqueiro. e tomou medidas desproporcionais. a chuva, o vento e o beijo. mudou-se o mundo em um segundo. e depois de tudo, o passo é lento. as histórias são longas. relembrar, meu passatempo.

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