8.4.08

Vou-me embora pra Pasárgada

Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada


Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconseqüente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que eu nunca tive


E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d'água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada


Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcalóide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar


E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
— Lá sou amigo do rei —
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada

3 Comments:

Anônimo said...

adoro esse poema...
quase sempre penso em arrumar minhas coisas e ir pra Pasargada...
=]

carlos

Alê Quites said...

Vou-me embora...
mas gostei de estar aqui.
Beijos*

Salve Jorge said...

Venha, venha-se embora para Pasárgada
Pois cá és amigo do rei
E haverão gloriosas e tamanhas festividades
Pelas quais sempre esperei

Venha, venha-se embora para Pasárgada
Venha, venha-se embora para Pasárgada
Que aqui serás feliz
Aqui, existir será uma aventura
De tal modo inconseqüente
Que loucura será traquejo
E o delírio será vertente
Tudo fazendo manejo
Da ebriedade mais potente

Irás dançar delirante
Tornar a ser infante
Expandirá suas sinapses
E tropeçará em suas sintaxes
Viverá o prazer do êxtase
Lindos e Suaves Delírios
Numa conjunta catarse
Digna das histórias
Que em seu tempo de menino
Rosa vinha lhe contar
Venha, venha-se embora para Pasárgada

Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem processo seguro
De se expandir a percepção
Haverão sons multicoloridos
Haverão beberrâncias à vontade
Damas e senhoritos
Para um bom prosear

E se por ventura entristecer-se
Mas entristecer-se de não ter jeito
Se ao amanhecer der alguma vontade
De ir-se de vez mesmo
- Pois cá és amigo do rei –
Terás a fumaça que queres
Que eu mesmo apertei
Venha, venha-se embora para Pasárgada