25.2.12

mundo

é como se fosse
um poço sem fundo

quanto mais mergulho
mais descubro
que não há fim
para tanta loucura

mundo sem fundo
calma 
o próprio homem se mata
e de nós não sobrará
nada
só o poço
mundo profundo

faltava-lhe o amor, por mais soberana que pudesse reinar. sem o amor não há noites de lua e sorriso. tampouco aquele marasmo criativo. sem o amor tinha tudo e nada ao mesmo tempo. foi quando conheceu o homem. corpulento, viril, agressivo. foi atropelada pela vida. paixão arrebatadora. falta chão, sobram pés. asas de borboleta no estômago. não pode suportar tanto amor que explodiu. virou barriga, sopro filho. e assim, inesperadamente, descobriu o que era viver.

desenrolar é palavra que não existe. rolo, novelo, engodo. o passado me assusta mais do que me anima. passado presente é coisa que não deveria existir. igual a caco de vidro cristalizado. porque quando nos beijamos tudo virou escuridão sombria. brasa que a chuva apagou. corpo delineado de orvalho. só a dor que esmaga a carne é que não acabou.

6.2.12

brasa fogo corpo. corre entre os não espaços desse jogo de pernas. ave vôo solo. asa partida e costurada por tu, meu querido. homem pássaro. homem fogo. no seus olhos vejo minha vida pulsando. nossa vida. nosso amor. nosso mundo. galhos, folhas, acasos. vida pulsando. vida gritando. apenas vida.