29.6.07

mulheres - neuroses e tpm


congruente e exato de acaso. destilado, engarrafado e engedrado. sei que é só e coisa e nada mais me sufoca. cuspo trovoadas na amplitude. permaneço serena e atada. calada e com olhos de ressaca. é o caminho que se segue e o movimento faz parte. tudo acontece com uma precisão absurda. nada é devaneio. há uma razão de ser. sempre há uma razão em ser. apenas.

23.6.07

encontrar-te. duas da manhã. táxi sem troco. você ali, de pé na porta, me olhando. cabelos curtos... óh! cadê seu cabelo desgrenhado???? aquele mesmo que eu gostava tanto. levei um momento pra assimilar. claro que não pude esconder a cara de reprovação. alguma coisa ficou mais saliente. não sei a maçã do rosto aflorou. a taça de vinho. tinto e sanguinário. taça cheia, mente vazia. poucas palavras e muitas línguas. uma, duas, dez. percorrendo o milimétrico espaço do meu desejo. gozo e sussurro. rubror, rumor. gosto pastoso de vinho misturado com beijo. delírio. escadas. casa nova. quase vazia. móveis desabitados. espaços isolados. bandeiras juninas. hora e meia e nós ali. intactos de nós mesmo. eu tão tu e você quase eu. iluminuras de abraço. magnético espaço. escadas. luz da lua. quarto só de colchão e muitos filmes que não consigo ler quais são. eu e minha cegueira noturna, que não impede que veja seu rosto de querência. tirar as botas. sensualidade no movimento. aprendizado. descoberta do que sabia sem ter assimilado. corpo todo e mais vinho. meu, só meu. noite longa. sem hora pra acordar. conversa sobre ruas e infância. seu sorriso e um afago. sim, eu quero mais cobertas. sim, me cobre com seu corpo. você assim, tão quentinho. também não tenho coragem de deixá-lo sozinho no restinho da noite. a mesma dúvida que você teve. chuva de moedas. brilha com tamanha desenvoltura que é quase banal sua luz. como se fosse normal essa beleza toda. fora o atributo que lhe é particular. recém chegado na cidade. ainda bem que ninguém sabe da sua fama. e eu também não vou contar. olhos bailando na órbita. aconchego. laço de abraço. nós dois e uma só coberta. eu, você e um quarto fumegante.

22.6.07

destesto admitir, mas sinto um tantinho de medo. até porque foi tão de surpresa. eu já nem imaginava mais. também muda tudo a todo tempo, não é? como sempre, transbordando arrepios com palavras. insistindo em me tornar civilizada. minha boca maior que o mundo. e olha que o caboclo avisou. mas dei ouvido não, como nunca dou. já tinha virado chacota, piada, anedota. eu, tão bofe que ainda me espanto. mas deste asas aos meus vôos. e agora fico aqui, batendo a ponta dos dedos na mesa. cara de coelho, fazendo boquinha. pior é que é tudo tão inconsciente. juro mesmo. foi a conversa com a marida que me deu essa noção. cansei das pessoas. cansei dessa maldita democracia da sociabilidade. cansei de ter que ficar com o rosinha porque eu quero o vermelho e alguém quer o branco. cansei desse jogo e todas as articulações. cansei de medir e pesar as palavras. eu quero cuspir todas as ogruras que me venham na mente. quero não dar cabimento. ser tormenta. entalar a pedra na garganta. quero perder o escrúpulo se for preciso. é só isso. ponto.

memórias de uma vida devassa

hoje, depois de uma diária interminável de gravação, eu descobri como vou garantir minha aposentadoria. isso porque eu não passo nota quase nunca e contribuí com o inss poucas vezes. vou escrever uma autobiografia, contando detalhe por detalhe de meu trabalho. e óbvio, dando nome aos bois. futuro garantido.

20.6.07

foi naquela padaria. meio boteco/meio padoca, na esquina. daquele bairro que tem samba e tem rock tudo junto. ah, e as mesinhas no feriado. mas a gente sentou no balcão mesmo. até hoje eu não sei o motivo de nada. aliás, nem lembro as datas. ou misturei as situações. acho melhor inverter tudo. começou na noite anterior. decepcão, véspera de feriado e um vidrinho de lança perfume. zunido e compreensão. acordar sem nem ter dormido. daí foi tudo embolado e uma vista linda. violão e poesia. conversa inebriante sem nem saber que tocava fundo. tudo bem lúdico e alumiado. porque a gente é só farra e alegria. varanda e imensidão. decodificando qualquer movimento milimétrico dos seus dentes. retina. translucidando passos na escuridão. até acelerar com fogos e nós dois sairmos correndo pra rua. tão clichê e tão paulistano. o sol escaldando a nossa pele. misto quente e suco de laranja. ainda guardo os tremeares. e todas as palavras indecentes que tão decentemente me sussurrou no ouvido. ali, naquela padaria. meio boteco/meio padoca, na esquina.

19.6.07

toda vertente que escorre de meus dedos pode ser armazenada em um minúsculo vidro. essência e vísceras. lágrimas e muito sal. foi a chuva que levou de mim o que não era meu. saudade de um tempo que foi sem jamais ter sido coisa alguma. era o copo com lua. era muito veneno e solidão. era nosso pé embolado e enroscado no passo torto pra casa. nossa e minha casa. ilusão de um sonho. compasso velho que nunca fez um círculo completo. o limiar da curva (reta?). o salto que eu nunca consegui dar. foi escuro e teve um nexo. deslexo. plexo solar. ardeu em mim tão forte que ecoa até os dias. as linhas, as correntes. maré de ventania e trovoada. brilha, assim, por um simples acaso. orgasmo. tão simples e despretensioso. assim, por ser apenas. embasbacada, apenas admiro. assim, tão meu.

15.6.07

ui, eu sou realmente podre!!!!!!!

13.6.07

eu vou menino, com os olhos de brilho e um que de encanto.
eu vou menino, fazer a mironga, correr a gira, flertar com o caboclo.
eu vou menino, ainda que a cabeça rode mais que o mundo.
eu vou menino, porque senão fosse não seria eu.

não foi possível esse mês, mas isso ainda será título pra alguma coisa:

quatro estados e um só mês.

vou tentar novamente.

há de ser possível algum dia.

12.6.07

E o Rio de Janeiro continua lindo...


devassa

rampa

jojô discplicente

amo!

encontro de amigos

pede a conta????

a dama do lotação

o senhor do lotação

mulheres do lotação

ai, ai, ai...

maridas

mesa cheia!

11.6.07

como se fosse leve e apenas por ser. com alguma explicação que nem vale a pena. os detalhes ficam pra depois e vai ficando. a vista continua maravilhosa. ainda que não a veja de todo e tampouco em partes. faz parte de uma melodia. um assombro. e vira e volta. a flor ainda me sopra que tenho que dar o passo. revés, talvez. porque é tudo sempre novo, mas ao mesmo tempo é tão igual. se repetindo de um que em quando. transbordando, renovando. mesmo quando descubro é como se preferisse nem saber. porque dói e dá trabalho. e fico enfadigada só de contextualizar. é mais fácil quebrar a cara. desfazer a linha. desatar a meada. tudo bem limpo e superficial. fingindo que sou tantas que não cabem em mim. os borrões da noite toda. pedaços abandonados na neblina. o permear da plenitude. pouca carne e muita saliva. espamos, acasos. lúdica e livre, plainando no ar.

6.6.07

Autopsicografia

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.

* Fernando Pessoa
** amo muito. por si só, explica tudo.

5.6.07

são tantas propostas. ai, fico perdida. a mais tranquila de todas também é a que eu mais quero. no entanto a mais longíngua. sem contexto, eu me jogo. um pulo sem sobressalto. o ácido inebria a vida. anfetamina deixa tudo mais claro. sem contar a anilina. aquele gosto amargo. desilusão no abraço.

2.6.07

das paixões












não importa como, não importa de que maneira, não importa o custo. bom mesmo é estar num set. é onde me sinto em casa.

1.6.07

seu jeito doce escancarou meu sorriso. foi o vinho com queijo que me cativou. essa tentativa de fazer a linha. a sua preocupação em ver a marca do que não me dá alergia deixou escapar uma pontinha de interesse. a pergunta de quando voltarei. sentado na cama com o dia amanhecendo. dizendo que teve que acordar super cedo só porque quis ficar e esquentar meus pés. ou o seu jeitinho no meio da noite falando baixinho que não dava pra ir embora assim... com nossos corpos embolados e emaranhados. o cabelo desgrenhado. poucas histórias e nenhuma lembrança. agora fico aqui, remoendo o jeito que te tratei. tão mal e desinteressada. a garrafa de pinga na metade. litros de cerveja descendo na garganta. não dei cabimento pra nada. apenas deixei que acontecesse. arrastei pra cama. arranquei suas roupas. mas seu sorriso-alucina não me sai da cabeça. aqui nas minas, no meio do frio e da lentidão de vida, lembro do seu cheiro. sua mão ventania. nosso desejo. ah, seu beijo...