27.12.06

música de despedida de são paulo esse ano: edith piaf - milord

fascinante. é assim. ainda hoje vivencio absurdada a natureza de meu corpo. tenho grande embasbacamento com a menstruação. parece coisa sobrenatural. um dia está tudo bem, estou em paz com meu corpo e feliz com meus sentimentos. no outro acordo me sentindo horrível. nenhuma roupa cai bem. as olheiras parecem que dão voltas e mais voltos na minha face. por mais que eu saiba, eu nunca sei. ainda assim, sigo em frente. sensível, instável, vulnerável. um pavio chegando ao seu final. copo transbordando a água. o mínimo acontecimento, o naufrágio. vulcão em erupção. grito, choro, resmungo. desço do salto. surto dos surtos. daí vem a assimilação. vêxame, desculpas e mais desculpas. na sequência, as dores físicas. inchaço, cansaço, dor de cabeça. um dia parece que tudo passou. no meio da rua, viro a cabeça pro lado e sinto-a. não tem erro, eu sempre sei que é o que é. ela sempre chega em horas impróprias. esperada e muito excomungada. chega chegando. como se a todo momento estivesse ali, com toda sua viscosidade densa. toda minha femilidade jorrando em sangue vermelho e quente. minha sexualidade traduzida na sensação de dever cumprido. e assim, num passe de mágica, vai tudo embora. pronta pro recomeço. alívio de dias tranquilos no frenético ciclo dos hormônios.


'É melhor morrer de vodka do que morrer de tédio' - Vladimir Maiakovski

26.12.06

Hoje é um dia triste.
Ou não.
Talvez seja um dia significativo, que eu entenda depois...
Fui alterar o layout do blog e sem querer, excluí o blog todo.
Como não sou organizada, muito dos meus escritos estavam arquivados lá.
Perdi muitos posts no meio da história.
Enfim, essas coisas que apenas compreendemos com o tempo.
A vida muda a página sem ao menos nos consultar. Ou não.
Feliz ano novo! Feliz Blog Novo!

O Seu Olhar

O seu olhar lá fora,
O seu olhar no céu,
O seu olhar demora,
O seu olhar no meu,
O seu olhar, seu olhar melhora, melhora o meu.

Onde a brasa mora e devora o breu
Como a chuva molha o que se escondeu.
O seu olhar, seu olhar melhora, melhora o meu.

O seu olhar agora, o seu olhar nasceu, o seu olhar me olha, o seu olhar é seu.
O seu olhar, seu olhar melhora, melhora o meu.

* Paulo Tatit e Arnaldo Antunes

E porque era recheada de luz, escorria pelas mãos um óleo prata. Emanando sonhos e possibilidades pelos ares. Contagiava assim, todo o ambiente. Fosse quem fosse, era sempre tanto.

Dança nega! Dança até lavar a alma.
Dança sem parar...
Se joga, se lança, se perde...
E não se acha nunca mais!

o cheiro
o gozo
gostoso,
do dengo
retengo
de ter você.
palavras
escassas
sentidas
profundas
em ter.
você,
muito mais você.

Do amor...

É incrível, quando o amor chega, fica evidente, na cara, não se esconde. Encontrei-te mais bela, mais feliz, mais brilhante. Olhos de estrela. Não precisava nem me contar, eu já sabia. Estava escrito em neon na sua cara. Sua alegria me contagiou e andei mais leve pela Pompéia. Hoje, achei que os carros tinham flores e que o barulho era pura sinfonia. Contagiou-me com sua paixão. Siga em frente, seja feliz, feliz, você merece isso e tudo mais de melhor no mundo que possa existir.


Todos os viés do mundo chegam a minha entranha.

Os olhos são os mesmos. A mesma boca fecunda e quente. O passo, o abraço, o gesto. Consoante distoante de minha vogal. O tempo que ficou no espaço, que não é mais nosso. Chega como sempre, senta na mesma cadeira, ainda cheira melancia. Algo se perdeu pra sempre. Sempre dentro de suas fumegantes entranhas. O gosto acre impregna a saliva. Suor na testa. Incorfomada. Tudo e tão sempre e não é nada. Refratados momentos plainando. Marca da pele já gasta. Corre vento, voa tempo. Palavras francas entre todo o descompasso. Em algum momento imperceptível, quebrou-se a linha fina que costurava a trama. Teve brilho e estrelas. Imensidão de luz. Plexo solar. Tão forte que quebra. E acende, resplandece e transcende. Tão simples. Assim, natural. Enraizado em nós, não se move. Lutando, nos retiramos. Apaga tudo. Comove o cético. Mas as rosas, as rosas continuam amarelas.

Quem sou eu?

A pedra no sapato
O espinho na garganta
O bife encruado
O pêlo encravado
O suor escorrendo
O dente cariado
O pão embolorado
A poça de lama

Se

se por acaso
a gente se cruzasse
ia ser um caso sério
você ia rir até amanhecer,
eu ia ir até acontecer
de dia um improviso,
de noite uma farra
a gente ia viver com garra
eu ia tirar de ouvido
todos os sentidos
ia ser tão divertido
tocar um solo em dueto
ia ser um riso
ia ser um gozo,
ia ser todo dia
a mesma folia
até deixar de ser poesia
e virar tédio
e nem o meu melhor vestido
era remédio
daí, vá ficando por aí,
eu vou ficando por aqui,
evitando, desviando,
sempre pensando,
se por acaso a gente se cruzasse

* Waltel Branco e Alice Ruiz

Porque nós somos assim, nós gritamos.
Do centro, do canto esquerdo, do lado, da porra a quatro!
Gritamos e fazemos por ser ouvidas!
Nós mostramos pra que viemos,
e, desculpe, mas não viemos pra brincadeira!

Porque nós somos assim,
nós nos assumimos por inteira,
mesmo que o inteira seja o dobro pra muitos
e quase nada pra gente...

Porque nós somos assim,
compartilhamos fragmentos de vida,
Que são tão iguais e intensamente vividas,
ao mesmo tempo que são
diferentes e relativos...

Porque nós somos assim,
não interessa a cor das coisas,
o cheiro de nada,
interessa tudo que nos agrade.

Porque nos somos assim,
nós somos mulheres,
somos fortes, decididas,
amadas, mas no fundo,
somos sofridas!


* Pablo Neruda

O lençol branco,
lá fora o novo ano nascendo,
o lençol branco,
o abraço gostoso,
pára o pensamento,
desabrocha o desejo,
o lençol branco,
você dentro do lençol,
toda a intimidade,
contruída em um beijo.
eterno instante,
constante querência,
ah, essa história...
ainda faltam páginas
serem escritas,
desenhos serem feitos,
e carinhos sem ter fim.

Dói! Dói querer. Dói não poder. Dói não ter o que fazer. Dói pensar. Dói não parar. Dói viver.

Não sou de metades...
Sou plena, cheia, inteira, redonda...
Sou elevada ao cubo!

Vamos combinar uma coisa, meu bem?
Sem essa de me dar no saco, ok?
Tá fazendo teste da minha paciência?
Vou te contar, ela não é grande...
Cansei do seu corpo...
Mentira, cansei nada!
Seu cheiro me alucina...
Mas esse jogo não tem graça!
Pára, fica quieto.
Deixa eu apertar sua bochecha...
Segura minha bolsa?
Entra na fila do cinema...
Não, filme americanóide não!
Você sabe que não faz minha linha.
Tá, eu durmo no seu ombro!
Dá colinho, dá?
Dengo retengo?
Claro, você pode tudo.
Calma lá, nem tudo assim...
Por que me faz esperar?
Sabe aquela carta? Aquele telefonema?
Nem ligo mais, ok!
Já te disse que não te atendo mais...
Tá, na terceira vez eu atendo...
Mas é só pra pedir pra você não ligar mais!
Tudo bem, eu deixo conversar um pouco...
Fala de você então!
Como andam seus dias?
Tá comendo direito, meu bem?
Arrumou aquela blusa rasgada?
Ah... Mas fala mais um pouquinho...
Sabe, é que eu adoro sua voz,
e seu jeito louco, e esse seu sorriso...
Hmmmm. Um beijinho só?
Tá, mas aproveita...
E me devora inteira!
Porque é bem isso
que eu tô querendo.
Hoje acordei,
querendo você mais que nunca.
Mas é só hoje, tá?

Macarronada da Chinits

Para a massa:
300 gramas de farinha
3 ovos inteiros
1 pitada de sal
1 pitada de açúcar
1 fio de óleo
10 folhas de espinafre refogada picada

Para o recheio:
1 pacote de ricota
200 gramas de parmesão ralado
100 gramas de tomate seco picado
sal

Para o molho:
8 tomates maduros e bem vermelhinhos
1 xícara de café de óleo
1 cebola picada
3 dentes de alho picado
Sal à gosto
1 pitada de açúcar
Manjericão
Cebolinha

Misture: Anita, Camilins + Palugs. Deixem com que o Palugs abra a massa, a Camilins faça o molho de tomate e Anita recheando macarrão. Sirva junto com cerveja. Tente tirar algumas fotos, mas sempre tendo o cuidado de sair na frente do Palugas. Coma até ficar com soninho e capotar na cama. Sirva a sobremesa. Toque guitarra roxa, tire umas fotos, brinque de tiete. E bom apetite!!

Da vida...

A vida nos prega peças...
Quando você menos espera,
já era...
isso porque a gente
sempre jura
que nunca mais, nunca...
Que bom que nunca não existe!
Ah, o corpo transcende
Ah, a alma transborda!
Eu me inundo!
Transbordo-me em sonhos...
Encho-me de vida.
Vida que é você.

um dengo,
um cheiro,
um beijo.
a lembrança...
saudade do que foi
do que poderia ser
do que um dia será.
assim,
sem pretensão alguma

você. é tão você que eu quero lhe falar. quero contar que você é tão você que evoluiu. não vive só aí. vive aqui também. dentro do espaço, no centro do tempo, em cada pedaço da cidade. coisas que quero te contar, outras que quero te mostrar. assim, só a vida vivendo. suspiros...

Pra quem ainda vier a me amar

Quero dizer que te amo só de amor. Sem idéias, palavras,
pensamentos. Quero fazer que te amo só de amor. Com sentimentos, sentidos,
emoções. Quero curtir que te amo só de amor. Olho no olho, cara a cara,
corpo a corpo. Quero querer que te amo só de amor.
São sombras as palavras no papel. Claro-escuros projetados pelo
amor, dos delírios e dos mistérios do prazer. Apenas sombras as palavras no
papel.
Ser-não-ser refratados pelo amor no sexo e nos sonhos dos amantes.
Fátuas sombras as palavras no papel.
Meu amor te escrevo feito um poema de carne, sangue, nervos e sêmen.
São versos que pulsam, gemem e fecundam. Meu poema se encanta feito o amor
dos bichos livres às urgências dos cios e que jogam, brincam, cantam e
dançam fazendo o amor como faço o poema.
Quero a vida as claras superfícies onde terminam e começam meus
amores. Eu te sinto na pele, não no coração. Quero do amor as tenras
superfícies onde a vida é lírica porque telúrica, onde sou épico porque
ébrio e lúbrico. Quero genitais todas as nossas superfícies.
Não há limites para o prazer, meu grande amor, mas virá sempre
antes, não depois da excitação. Meu grande amor, o infinito é um recomeço.
Não há limites para se viver um grande amor. Mas só te amo porque me dás o
gozo e não gozo mais porque eu te amo. Não há limites para o fim de um
grande amor.
Nossa nudez, juntos, não se completa nunca, mesmo quando se tornam
quentes e congestionadas, úmidas e latejantes todas as mucosas. A nudez a
dois não acontece nunca, porque nos vestimos um com o corpo do outro, para
inventar deuses na solidão do nós. Por isso a nudez, no amor, não satisfaz
nunca.
Porque eu te amo, tu não precisas de mim. Porque tu me amas, eu não
preciso de ti. No amor, jamais nos deixamos de completar. Somos, um para o
outro, deliciosamente desnecessários.
O amor é tanto, não quanto. Amar é enquanto, portanto. Ponto.

* Roberto Freire

Dentro do meu inverno
só tua luz
é meu sol contínuo

Para Lara!

Esperei todo o tempo, sem muito poder fazer. No começo foi um susto. Menos de uma semana foi o tempo necessário para amar. Amor incondicional. Coisa de louco. Primeiro ultrassom, ela só tinha quatro centímetros! E um coração apressado. Muito choro emocionado. Mais espera, ansiedade, curiosidade.
No ventre da minha irmã ela crecia, começava a tomar forma... Boca, olhos, unhas, cabelos... Cresce também, vai engordando... Já tinha até sexo!
Começam o sonhos, é incrível como o pensamento vai longe... Será que ela vai ser assim? Será que ela vai querer aquilo? Será que ela isso? Calma, respira, ela vai ser o que quiser ser e do jeito que quiser ser e mesmo assim vou ser completamente louca por ela.
Dia vinte e três de março. Telefonema. estou indo pro hospital, ela tá enrolada no cordão umbilical. Tensão. Por que essa menina foi se mexer tanto? Medo, nervoso. Muito chocolate e uma cabeça mais que pensante. Deu tudo certo. nasceu, chorou, desabrochou.
Nada mais é como antes. Agora eu posso olhar para ela, tão pequena e tão gente. O engraçado é que não canso de olhá-la por três horas seguidas. Menina flor, só mama e dorme, e eu? Eu me derreto toda, estufo o peito e digo que é minha sobrinha Lara, a menina flor que me fez entender que a vida realmente vale a pena. Que estamos aqui por isso e é só isso, porque esse amor é bom demais.
Lara eu te amo, muito!

Humano Ser (?)

Quanto mais tento compreender
Mais longe da compreensão estou
Humano
Um
Mano?
Ano!
Uma
Mão?
Ser uma mão?
Ser humano!
Quanta loucura.
Quanto mais tento serumano
Menos mão, mais ano.
Caracol de emoções…
Rodopia, pia
Gira, vira e volta
A vida anda…
Anda passando a mão em mim!
Mas eu gosto e me ofereço…
Inteira pra essa vida louca
Vida pouca
Loucura bastante.
Um dia tomo tento
Tomo jeito,
Uso terninho, viro gente
Gravata borboleta pra dar alegria
Por que criança sempre vou ser de dia
Pra virar mulher faceira
Na escuridão da noite cabreira.

O amor dobrou a esquina
rodopiou na fantasia
já era inverno em mim

Ame e dê vexame!

“Falando de mim mesmo, creio ter pago pela liberdade que vivo hoje com pelo menos a metade da minha vida em horas da mais penosa ou da mais fecunda solidão. En outras palavras: quem não consegue se sentir só e na mais completa solidão não se liberta jamais. Estar só, sentir a ausência do que e de quem se ama, às vezes, para muita gente, como eu, foi o necessário caminho que leva da dependência e da mediocridade à liberdade e à plenitude do amor.“

Roberto Freire

todas as folhas caem
a vida voa
e eu sozinha nessa cama

Quem não Ama a Solidão, não Ama a Liberdade

Nenhum caminho é mais errado para a felicidade do que a vida no grande mundo, às fartas e em festanças (high life), pois, quando tentamos transformar a nossa miserável existência numa sucessão de alegrias, gozos e prazeres, não conseguimos evitar a desilusão; muito menos o seu acompanhamento obrigatório, que são as mentiras recíprocas.
Assim como o nosso corpo está envolto em vestes, o nosso espírito está revestido de mentiras. Os nossos dizeres, as nossas acções, todo o nosso ser é mentiroso, e só por meio desse invólucro pode-se, por vezes, adivinhar a nossa verdadeira mentalidade, assim como pelas vestes se adivinha a figura do corpo.

Antes de mais nada, toda a sociedade exige necessariamente uma acomodação mútua e uma temperatura; por conseguinte, quanto mais numerosa, tanto mais enfadonha será. Cada um só pode ser ele mesmo, inteiramente, apenas pelo tempo em que estiver sozinho. Quem, portanto, não ama a solidão, também não ama a liberdade: apenas quando se está só é que se está livre.

A coerção é a companheira inseparável de toda a sociedade, que ainda exige sacrifícios tão mais difíceis quanto mais significativa for a própria individualidade. Dessa forma, cada um fugirá, suportará ou amará a solidão na proporção exacta do valor da sua personalidade. Pois, na solidão, o indivíduo mesquinho sente toda a sua mesquinhez, o grande espírito, toda a sua grandeza; numa palavra: cada um sente o que é.

Ademais, quanto mais elevada for a posição de uma pessoa na escala hierárquica da natureza, tanto mais solitária será, essencial e inevitavelmente. Assim, é um benefício para ela se à solidão física corresponder a intelectual. Caso contrário, a vizinhança frequente de seres heterogéneos causa um efeito incómodo e até mesmo adverso sobre ela, ao roubar-lhe seu «eu» sem nada lhe oferecer em troca. Além disso, enquanto a natureza estabeleceu entre os homens a mais ampla diversidade nos domínios moral e intelectual, a sociedade, não tomando conhecimento disso, iguala todos os seres ou, antes, coloca no lugar da diversidade as diferenças e degraus artificiais de classe e posição, com frequência diametralmente opostos à escala hierárquica da natureza.
Nesse arranjo, aqueles que a natureza situou em baixo encontram-se em óptima situação; os poucos, entretanto, que ela colocou em cima, saem em desvantagem. Como consequência, estes costumam esquivar-se da sociedade, na qual, ao tornar-se numerosa, a vulgaridade domina.

* Arthur Schopenhauer, in 'Aforismos para a Sabedoria de Vida'

Das utopias

Se as coisas são inatingíveis... ora!
não é motivo para não querê-las...
Que tristes os caminhos, se não fora
a mágica presença das estrelas!

* Mário Quintana

Corazón sin patria, espirito navegante
Vida que se forma de grandes olas en la arena
¿Llegará al puerto final?

* Daniela Vono

a noite escura
as folhas caem
escuto seu nome

Noite lá na rua
Silêncio sempre aqui dentro
A vida vivendo

na noite fria
dedos gelados
coração apertado

No passo
do meu (des) compasso
resta a saudade
do seu abraço

Sou assim

tem uma festa, me jogo
tem som, eu danço
tem comida, como
tem amigos, risada
tem solidão, sofá e pão de queijo
tem chuva, faço meu sol
tem fumaça, tenho fogo
tem balada, animação
tem casa caindo, puxo o cabelo
tem dor de cabeça, neosaldina
tem paixão, cabeça voando
tem indecisão, como o cantinho da unha
tem mudanca, corto o cabelo
não tem nada, me faço tudo

Das confusões da vida...

Tudo acertado.
Resolvido, combinado.
Como é bom sentir alívio!
Hoje estou feliz,
odeio guardar rusgas e mágoas.
Odeio quando acham que eu guardo rusgas e mágoas.
Agora ficou provado e comprovado,
não tenho nenhum ressentimento!
Foi ótimo, foi bom,
mas passou, num passou?
Passou pra você,
passou pra mim...
É a vida!
E como diria Chico:
a gente vai levando,
a gente vai levando,
a gente vai levando,
essa vida!

Frase enviada por uma amiga!

Amiga Gê querida disse que leu essa frase e não pôde deixar de pensar em mim:

"Quando estou a fim de fazer besteira, quase nada pode me segurar."
Dita por Orson Welles, pouco antes de conhecer Rita Rayworth em "A Dama de Shangai".

Como folhas ao vento,
meus dedos em seu cabelo,
procuram o breve espaço,
desse amor intenso.

???

Tá, já percebi...
Não é agora né?
Logo mais, pode ser?
Vou ter que esperar tudo acabar...
Eu já te perguntei, mas posso mais uma vez?
Você tá me olhando, não tá?
Eu percebi sim...
Eu senti bastante.
Se você ia atrás de mim,
por que não avisou?
Melhor ainda,
por que foi embora?
Podia ter ficado...
Podíamos ter ficado.
Ah, ia ser tão bom!
Ia te fazer cafuné...
Dar beijinho na ponta do nariz.
Contar histórias sem fim...
Mas quero ouvir você!
Quero saber de você...
Quero te beber, te consumir,
Até que entre nós
não fique nenhum espaço.
Até que de nós
não sobre nada,
além do que nosso prazer.

Fragmento

Eu?
Tu?
Poesia!

Teu corpo rima
com o meu,
em versos de alegria.

Teu corpo, poesia!

É brisa, é mato.
É ferro em brasa.
Quente, constante.
Beijo-fogo.
Alucina.
De nós dois,
não sobra nada.
Água, língua, saliva.
Tu és eu,
tu-te-sou.
Na placidez
desse dia,
somos vento...
Vãos por aí.
Nós já somos,
nós...
Embola-rola,
embola-me em ti.
As pernas presas.
Já é extensão de mim.
Termino-me em ti.
Começo-te em mim.
Unidos,
extensos,
dengos,
cheiros,
corpos,
bocas,
línguas,
perdidas,
procuras,
arrepios.
Madrugada,
luz da lua...
Corpos nus.
Eu?
Tu?
Poesia!
Teu corpo rima
com o meu,
em versos de alegria.

Tudo que preciso
cabe na palma de uma mão,
seu carinho e seu sorriso

!-!

cama
lama
trama
chama
assanha
arranha
arrepia
aperta
puxa
joga
enlaça
atrai
contrai
cheira
transpira
empurra
amassa
morde
estica
canta
excita
goza
abraça
cama

das querências

essa mania de querer
ainda vai me deixa louca
Quero tudo, sua pele,
seu beijo, sua boca.

Vida

Quero vida,
vida escorrendo entre meus dedos.
Sim, mas eu sou vida.
Quero me beber.
Sentir-me inteira,
verdadeira e mansa.
Vida boiando na banheira,
colocada na fruteira.
Sou mais vida que muita vida.
Me tenho e nem me tenho.
Desconheço me conhecendo.
Quero me vomitar em vida,
pra me encher de mais vida, renovada.
Sim, sou vida.
Sim, faço ser-me vivida,
mas não me basto como vida.
Componho-me de vidas alheias.
Faço minha todas as vidas ao redor.
Espalho-me por todos os lados.
Busco vida, escondida em vida.

E se...?

A vida fosse feita se sonhos.
O telefone tocasse na hora certa.
A menina soubesse cantar.
O sangue fervesse.
A sopa desse conta.
O dinheiro fosse muito.
A liberdade fosse plena.
O domingo fosse sábado.
A sorte vivesse com a gente.
Você me amasse!

lá fora só chuva,
aqui dentro nós dois
um beijo ardente

Das paixões

Coração disparado.
Pernas tremendo.
Mãos geladas.
Boca calada.
Olhares intensos.
Respiração ofegante.
Desejo constante.
Cabeça flutuante.
Vida distante.
Complacência.
Fogo.
Alucinação.
Fervilhação.
Paixão

Que sentimento é esse...?

Que me arranca da cama no meio da noite.
Que faz o chão parecer algodão.
Que faz a luz ser muito mais azul.
Que pulsa como arco-íris.
Que faz minutos durarem horas.
Que faz horas parecerem minutos.
Que me deixa sem fome.
Que totalmente me consome.
Que me aguça os sentidos.
Que de repente me faz chorar.
Que logo depois me faz gargalhar.
Que faz com que respire intensamente.
Que faz todos os dias serem primavera.
Que espanta os males.
Que pinta meus sonhos.
Que me faz enrubescer.
Que só me faz te querer.

Teu olhar é tudo que brilha
luz intensa de verão
chama ardente que não apaga mais

Tudo, tudo

Tudo que dorme, cama.
Tudo que cama, respira.
Tudo que respira, ama.
Tudo que ama, goza.
Tudo que goza, trama.
Tudo que trama, assanha.
Tudo que assanha, arranha.
Tudo que arranha, espanta.
Tudo que espanta, canta.
Tudo que canta, anda.
Tudo que anda, dorme.
Tudo que dorme, cama.

Ah, essa vida louca,
essa vida pouca.
Por que tem que ser assim?
Essa história de você fugir de mim...

amor...
dor?
rancor?
desabor?
incolor?
amor!

Posts para Camila Deformita by Hana*Bi

amor...
calor
cor
sabor
ardor
amor!!

*************************

Poesia para uma certa deformita...

Abraça, beija, deforma!

Abra bem os braços
tão abertos que dê a volta no mundo
e quando eles se encontrarem
deixe com que o seu abraço
se preencha, transborde
da pessoa amada

Beija, faça um bico bem grande
pra beijar bem de levinho na bochecha
bico tão grande
que chegue até o dedo do pé!
beijar beijar sem pressa
carimbo, carimbo, carimbo

Deforma, fica xonita!!
a vida é assim, estamos sempre nos moldando
e se enroscando, e se envolvendo
os olhos dão viravoltas e piruetas
até os olhares se encontrarem
e o sorriso abre
e então desafiamos a lei da gravidade
e saímos flufiando por aí.

Tem dias que são eternas madrugadas...
Tem cada um que é dois...
Tem gente que mais é bicho...
Tem comida que parece água...
Tem água que passarinho não bebe...
Tem lua que brilha mais que sol...
Tem olhares que valem mais que mil palavras...
Tem vida que é para ser vivida...

Eu?

Na amplitude,
conheço-me,
devoro-me,
estranho-me,
não sei nada de mim,
o que sinto e senti,
são sempre coisas novas,
nada é previsível.
Quando acho que não há caminhos
descubro-me infinita.
Plena, redonda, cheia.
No segundo seguinte oca, vazia, amarga.
Estranha vida essa,
convivo a vida inteira
com um ser que me surpreende
em cada reação.
Sempre um fato novo.
Sempre a angústia,
do improvável me dominando.
Sim, sou eu sem ser eu.
Sou eu desconhecida,
tentando infinitamente
ser aquela que me propus ser.

Ventania

Teu corpo na cama, nu.
Ventania.
Cada parte, um abandono.
Pernas, bunda, costas...
Espaço infinito.
Meu mar, meu sol.
Navego-te, percorro-te.
Momento intenso de te descobrir.
Dorme, que eu zelo teu sono.
Meus olhos gulosos,
devoram cada pedaço de você.
Como é belo.
Apalpo, aperto, cheiro.
Você, quero-quero.
Eu, desejo-desejado.
Nós dois, descobrimento.
Teu olhar, luz do dia.
Cheiro de melancia,
misturada com infância.
Distância?
Não existe entre nossos corpos,
estamos milimetricamente colados.
Abraço apertado.
Madrugada.
Só quero que a noite
perdure a eternidade.
Não, não amanheça.
Apenas permaneça.

Saudades

Dos pés descalço,
dos laços de fita,
das bricadeiras de roda,
da pedra que tinha perto de casa,
da inocência perdida,
do sorvete da flor do campo,
dos domingos na avenida,
dos dias de sol,
dos temporais de verão,
das paixões fumegantes,
do arrepio na espinha,
dos telefonemas de louco,
dos impulsos de vida,
da família distante,
dos almoços de domingo,
do coração revirando,
do moço que tá na praia,
das palavras ao pé do ouvido,
da noite mal dormida,
do seu corpo me esquentando,
do menina flor querida,
do tempo que foi
e (in) felizmente não volta mais!

Das lições...

Um dia a gente descobre,
que sempre pode ser pior,
que amigos são os nossos maiores bens,
que a vida funciona em ciclos,
que o sol sempre brilha no outro dia,
que nem sempre devemos confiar nas pessoas,
que sonhos nunca morrem, apenas adormecem,
que aquela pessoa especial existe,
que nem todas as pessoas são especiais,
que nos apaixonamos muitas vezes durante toda a vida,
que o amor verdadeiro é bem diferente de uma simples paixão,
que olhar no olho e falar eu te amo é um momento único e mágico,
que tudo que respira, certamente conspira,
que ações valem muito mais que palavras no papel,
que a palavra falada nunca retorna à boca,
que temos dois ouvidos e apenas uma boca, logo devemos falar menos e ouvir mais,
que os conselhos da mãe sempre servem na hora do aperto,
que o colo da mãe é um santo refúgio,
que não devemos sair por aí cuspindo rancor,
que aquela pessoa também sofre por você,
que nada é perfeito,
que tudo que sobe, desce,
que não devemos sentir ódio.
A vida simplesmente é um eterno aprendizado.

Das loucuras da vida...

Beija
Aperta
Cheira
Beija
Amassa
Arrassa
Estraga
Beija
Dança
Canta
Pensa
Cheira
Beija
Fuma
Estraga
Devasta
Goza
Estravaza
Fala
Dorme

Carne, osso e nervos

Sou feita de carne, ossos e nervos...
Muitos deles! Sinto e sinto muito!
Tenho uma enorme capacidade de refuçar sentimentos e assim redescobrí-los...
Mas nada abala tanto quanto seu cheiro.
Sim, seu cheiro, ele mexe comigo. Devaneios, devaneios e insanidades...

Assim eu te digo, vamos. A noite tá longa... Seu pé enconsta no meu. Você me abraça. A noite passa... Me deixa louca!

Essa música... Sim, coloca o CD da Elis! Canta comigo. Deixa tudo ficar assim! Do jeito que está é mais gostoso. Não há sofrimento.
Por que fomos mexer no nosso baú de quinquilharias? Já tava tudo lá, guardado, com pó por cima. Ninguém mexia, ninguém sentia. Te vi na estrada, mas provavelmente não era você. Sonhei contigo, sonho. Irreal. Você me puxava prum canto... Acho que era o banheiro, sei lá. Só sei que esse lugar ficou sendo nosso. Como tudo que encostamos o dedo.
Saudades... Isso foi o que me deixou. Sei que também sente. Sentimos os dois.
Mas sentimos cada qual no seu canto. Por que brincamos com nossos sentimentos? Você estava na estrada. Mas não podia ser você... Quase quebrei o pescoço, e só via você. Mas só pode ter sido alucinação. Ou talvez a grande vontade que fosse você. Por que eu não parei o carro? Porque eu não consegui assumir que queria que você estivesse ali. Como eu queria que você estivesse aqui, agora. Ou como eu queria que apenas estivesse...
Mas é impossível não é? Pólos iguais se repelem. Impossível ficarmos grudados...
Dois loucos é demais pruma loucura só. Nosso texto ainda estamos escrevendo, eu você e o destino. Sim, dizem que nosso destino é nóis dois no mesmo caminho. Eu nunca acreditei em destino. Quando me falaram isso eu ri, mas já disse, foi pessoa séria que falou. Eu ri e disse que isso não era destino, era uma praga. Sim, você é uma praga! E eu ainda sonho contigo. E também te sinto, mínimo, e inteiro! Sim, você, seu óculos de sol... Uma cachoeira, aquela cachoeira... A canga rasgada. Por que você ainda guarda? Ela rasgou da gente... Era um sinal. Nós estavámos rasgados... E você me mostrou que ainda guarda... Eu ainda te disse que era uma canga corintiana, mas mesmo assim você ainda guarda junto com todas as quinquilharias do seu timinho... Junto com os bilhetes, as cartinhas, os presentes, as caixas... Tá tudo lá guardado entre livros, fotos e poemas. Por que você ainda guarda? Por que fez questão de mostrar que ainda guarda. Por que me diz sempre que adora tudo que te escrevo. Mesmo quando te escrevi as piores frases, te desejei os piores momentos... Você ainda falou que mesmo sendo cruel, eu ainda sou doce. E que adora mulher brava. Por que falou isso tudo? Por que terminou a conversa desejando que eu tivesse os melhores dias de minha vida? Por que diz que me adora? Por que diz que sou a perfeição imperfeita? Por que brigamos?
Ah, somos tão um do outro que fica difícil desassociar... Fica difícil entender agora porque te falei o que te falei. Porque me respondeu o que me respondeu... Fica difícil explicar nossas conversas de meias palavras e inteiros sentimentos. Tudo difícil entre nós dois.
Vou te ligar. vou te falar que te vi na estrada. Vou te contar o meu sonho. vou assumir que quero te ver. Vou assumir que quero saber de você. Aliás, como você está? Está aqui ou ali? Tá comendo torresmo? E o pão de queijo... Lembrei que você me comprou queijo, de vários tipos, só porque sabe que eu adoro queijo. E abriu vários potinhos com vários tipos de queijo. E tomamos suco. E rimos na sala. E esquentou meu pão. E era seis da manhã. E nem parecia que era seis da manhã. E chegamos atrasados. E nos permanecemos por muito tempo, deitados, lado a lado, pé com pé, braço com braço. Sonho com sonho.
Dois em um. Um em dois.
Juntos, infinitas possibilidades.
Separados, apenas passado!

Os olhos teus

Esses olhos teus,
já me disseram tanto.
Hoje já não dizem mais nada.
Nada além do que já sabemos.
Nada além do que prometemos.
Nada além do que planejamos.
Mas o plano, qual era mesmo?
Eu, você e nós?
Não, esse não era o plano.
O plano era viver...
Vivermos-mo-nos.
Mas isso a gente esqueceu não é?
Cada um em cada canto...
Cada um com seu cada qual.
Eu estou assim,
te procurando em outros olhos,
tentando te sentir em outras bocas,
buscando seu calor em outros corpos.
Mas é incrível,
você é só você.
E por mais que procure,
só te acho em seu abraço.
E no teu laço,
acho todo meu descompasso

Crônica das 3 meninas e seus cabelinhos...

Quando fiz a proposta do cabelinho não imaginava o que vinha pela frente. Tínhamos uma balada certa, ninguém ainda tinha aderido ao cabelinho, sabia que pouca coisa não seria. Mas não conseguia imaginar que seria assim.
Em poucos momentos tudo mudou. As meninas aderiram ao cabelinho. Alguém ligou e disse que a festa estava meio fraca. Nós tínhamos apenas duas smirnoff ice e eu sabia que ninguém ia conseguir ficar em casa. Eu tinha “arrumado o cabelo“ antes delas...
Só lembro que estava torcendo muito pelo Brasil no vôlei feminino, e no intervalo me tiraram de casa. Até agora não sei se o Brasil ganhou. Mas fomos pra tal festa, realmente não parecia nada agradável.
Daí pra frente nos tornamos os cabelos destruidores. Por onde passávamos os lugares fechavam. Não sei se era pelo adiantado da hora ou por nos verem chegando arrassadoras.
Passamos na Fun House, mas sei lá porque quisemos ir ver o Rose Bombom. No Rose Bombom trash 80, não gente, parece que esse não é o nosso clima. Mas o carro também não tá pegando nada. Vamos a pé. Botequinho de samba, sem mesa. Ó do Borogodó, fechando. Posto, manos nada a ver. Mas a gente pelo menos tinha cerveja e porção de amendoim. A única coisa que eu falava: o lance é mastigar e mandar fumaça. Mastiga, mastiga, mastiga. Botequinho, fechando. Sem saída, gente vamos lá, lá pelo menos tem cerveja. Mais amendoim. Caldinho de feijão, mas com esse calor? Claro, mineiro que é mineiro toma canja no final da balada. Ught, canja depois do carnaval? Claro, é tradição, ninguém vai pra cama sem a canja. Ah, sem o tempero, só bacon por favor!
Mais cerveja também. De repente eu vejo as cadeiras todas ficando com o pé pra cima. Não, não pode ser, se não for o aqui, ficamos Sem saída. Andar de novo. Caramba, acho que andei da minha casa até o Ibirapuera... Mais cerveja.
Posto.
Vamos comprar cerveja. Vamos jogar playstation. Tem carrinho? Eu gosto de carrinho. Tem, tem dois. Precisamos comprar mais cerveja. Pão de açucar. Muita luz!
Nada de cerveja boa gelada. Tinha até Bavária sem álcool, mas cerveja normal, Skol, não. Pra falar a verdade nem Kaiser tinha. Hmmmm, eu vi um patinete (tá não era um patinete, era o carrinho de cargas do supermecado), me joguei, comecei a patinetar, pagando de gatinha, crente que estava pasando despercebida. Quando eu vejo um paredão de funcionários me olhando, ok, já deu, vamos? Padoca. Skol geladíssima. Lindo!
Parada pro xixi e uma barata. Ah, o patinho quack quack! O melhor é a introdução da sanfoninha.
Vamos levar o patinho conosco. Putz, mas nós vamos acabar com a bateria. A voz da razão deixou o patinho. Acordamos a Lu. Hora de ir embora.
Carro de novo, mas agora com brejas e dvds.
Casa da amiga. Belinha terrorzinho. Playstation.
Como é horrível esse videogame moderno. no meu tempo, colocava a fita, ligava e pronto. Hoje tem uma super plano de navegação e nós não achamos o start. Ctrl+del. Nova tentativa. Begginer. Agora vai. E ficamos lá. O único objetivo: não ser retardatárias! Conseguimos, 100 doláres de créito por partida. Já contabilizamos 5.100. Vamos comprar? Queremos ir ao shopping. Vixe, o carro custa 25.000. Pô, amanhã a noite a gente consegue comprar um carro. Acessórios. Nossa, com a nossa grana a gente não compra nem um retrovisor. Bom, acho que o melhor mesmo é comer pipoca. Nossa, já tá claro. Poxa, já é dia.
Acho melhor ursar. Ursei, com cabelinho e tudo. Só lembro da pergunta, nega, vai ou fica? Hmmm, tem um cobertor? Claro! Fico!
E foi isso.
E hoje tem mais cabelo, afinal ganhei um ingresso pra ir no show da manguefônica as 3h30 da matina. Tem Tom Zé, tem Banda Mantiqueira, tem Outs, tem tudo!
Ah, eu liguei pro Nelas, que queria que eu fosse pro Ultra Lounge, dizendo que tinha laçado o único hetero do lugar pra mim. Mas ele é bonito Nelas? Ele é um tesão, eu chuparia ele inteiro. Vixe! Mas será? Nós estamos em 3! A gente acha outros heteros. Bom, vou ver, se for, te ligo! Não ligamos.
Bora, alguém quer um cabelinho? Um cabelinho que é uma peruca inteira!
Vamos aproveitar a virada cultural!

É por me conhecer que vou me perdendo.
É por não saber que vou me encontrando.
É por querer que vou insistindo.
É por saber que vou desconstruindo.
É por viver que vou amando.
É por sofrer que vou apaixonando.
É por amar que vou me conhecendo.

Post pra Camiles

Post pra Camiles
MÃO NA CABEÇA!!!!!!!!!!!!!
(ou perfeita para cafunés)

Não deforma, não enrosca e não solta pelos.
Pode ser exposta ao sol e deve ser lavada regularmente.
Deve ser tocada com leveza, com destreza, com cuidado.
Não é tóxica, mas contém idéias corrosivas e coerentes.
Testada, aprovada e recomendada.

Companhia ideal para crianças de todas as idades.

Estou começando a entender muitas coisas...

Que não é só comida que pode ser insosa, também podemos levar uma vidinha bem insosa.
Que não é só a água que é insípeda, incolor e inodora, algumas pessoas também são.
Que dias brancos nem sempre são aqueles dias com chuva o tempo todo.
Que dar um abraço não significa dar o braço todo.
Que vale muito mais o sorriso espontâneo do que frases ensaiadas.

Sabe, eu descobri o verdadeiro sentido da palavra TROGLODITA! Agora Troglodita tem nome, sobrenome e cara certa!

Giramundo

É por me perder que vou me encontrando.
Em cada canto meu pedaço.
Em cada esquina, meu passo.
Mas e as idéias? Tudo aquilo estipulado,
marcado, acordado, acertado?
Ficou no passado?
Como pode assim, de dia ser chuva,
de noite ser lua.
No meio, uma tarde de fantasia?
E aquele sorriso tangerina?
E meu súor instigado?
E a vida vivendo?
Todos os meus pensamentos...
Como pode tudo modificar num minuto?
Estava assim, assim...
E agora está tudo de perna pro ar.
Eu já havia decorado todo o texto pra falar,
mas me deixaste sem palavras.
É claro que fiquei envaidecida, confesso.
Posso dizer que ninguém me supreende.
Mas você, me surpreendeu e muito.
Você sabe que eu não gosto de hipocrisias.
Sou pedra, forte.
Tenho a teoria formada,
te contei toda ela.
Não gosto de falsidades.
Mas me comoveste.
Sim, seu jogo de palavras...
Todas elas estudadas e planejadas.
Cada qual com seu motivo de estar ali.
Talvez por isso o mimetismo.
Nosso sincronismo.
Que também eu fiquei pensando.
Naquela noite maluca.
Naquela conversa desconexa na cozinha.
No enrosco do lençol.
Nos dois caracóís.
Na minha cabeça na sua mão.
Cheguei a conclusão
de que mesmo sem bike
eu estou precisando de um tempo de mim.
Para me estruturar,
Pra estruturar a desconstrução.
A desconstrução que me causaste.

Post pra Camiles 2

Depois de você

Depois de você, meu dia passou com sono, e eu quase acordado.
Voltei andarilho pra casa. Pensamentos a mil, passos lentos, pés com bolha.

Depois de você, os i(s) estão pingados os t(s) cortados. Fim (rompi um acordo, não cumpri).
Na janta, pastel de carne com queijo e caldo de cana. (gosto das nossas conversas)

Depois de você, bike arrumada. Prontos (eu e a bike) pra um novo (dês)encontro.
To pensando em ir pra longe de mim pra ver se me acho por lá e você no caminho.

Depois de você, você.

Cada dia um novo caminho
cada caminho uma estrada
cada estrada um porto amigo

Post para anônimo conhecido!

desejo
desejado
desejante
de te desejar
de te (de) ser já
de te ter, desejo já

Essa minha afobação ainda acaba comigo.
Normalmente estou um passo a frente do meu pé.
O tombo é inevitável.

Acabou chorare, amor

acabou chorare, amor
junto com a mais brilhante estrela
alumia a primavera do meu peito
entre plumas e sonhos

acabou chorare, amor
porque os dias passam longos
já vai alta a madrugada
e tudo a nossa volta ainda norteia

acabou chorare, amor
porque viesse de mão em mão
até chegar aos meus olhos
que devoram-te com luz na sobremesa

acabou chorare, amor
porque da tua boca saiu a vida
que acordou o quarto
e todos os vizinhos do bairro

acabou chorare, amor
porque cresceu a esperança
brilhando vida nas amoreiras
que despertam com o orvalho

acabou chorare, amor
simplesmente porque você existe em mim.

DELITO!

Você é meu
d e l í r i o.

onde foi que eu escondi o relógio que pendura o tempo?

foi-se a noite toda. sem percerber, o relógio passava das 5 da manhã. meus pés trançavam as pernas numa tal avenida brasil.... não me lembro bem em qual ponto. mas suas palavras... plumas ou ferro, continuam em minha cabeça. o essencial é invísivel. a praça rodada. histórias e mais histórias de você. logo agora que o imaginava meu. tão meu que consentia em divisão. divisão de acordes e aromas. sobretudo meu. tão meu que reclama a minha ausência. clama minha presença entre todos. sou eu a mais dileta. escolhida entre os olhares, sigo até você. boca seca. olhar furtivo. roubo-te um beijo e minha alma surta. somos nós e o mundo, fecundo. skol grande pra completar a noite. boca larga, por favor. és tu e é isso. nada mais eu quero. seu sorriso, luz dia. vagueia as horas, entorpece o tempo. passam as flores. passam, sobretudo, as rosas amarelas. és tu. com seu olhar mareia a vida. sou tua. já não posso mais negar.

leve e estelar adentrou a sala.
sentou na mesa, olhou os lados.
a rolha do vinho.
borbulhas sem fim no espaço.
clara noite, lua alta.
jogo do bem me quer.
histórias e seus começos.
em meu ouvido, os tintilhares.
adentrou a sala.
adentrou a alma.

Se aplaca, se apalpa, se torce, se sente, se morde, se fode, se pode, se permite, se pulsiona, se tensiona, se alivia, se enjuria, se espatifa, se levanta, se dança, se manca, se apanha, se arranha, se engana, se ama, se fica, se deixa, se chora, se sofre, se basta. Assim.

canta ciranda meu canto ou pranto. canta dentro de mim a voz que não cala. é tão forte que debulha. explodo em cores, tons e aromas. já sou tão que não sou mais capaz de ser, apenas. ídilico e telúrico. rastros de luz. é tão intenso que sufoca. causa calor e estranhamento. é assim simples e é por ser você. você, tão você que não cabe em si. flutua, transborda, entorna. recolho as gotas que te caem. uma a uma, fina estampa. líquido raro. amor profundo. já não cabe em mim o que te pertence. em cada canto deixo as migalhas que renega. eu estou na batalha.

foi o tempo cheio. e foi a vida toda. sem perceber, os dias escorriam por seus dedos. não se deu conta. olhou no espelho e viu suas carnes flácidas. as rugas apontando. era tudo novo e não tinha visto. a mocidade que ficou além. outrora amou. outrora foi feliz. depois, tudo virou igual a tudo. os dias eram sempre os mesmo. acordar, trocar, lavar, comer, sair, arrumar, comer, dormir. sozinha, cara a cara com o espelho. deu-se conta do que perdeu. deu-se conta do que se foi. mas agora, plumas ao vento. argila seca, mal aprumada. no seu rosto, desilusão. no seu passo, só descompasso.

áspero e íntrínseco. exuberante e claro. uma a uma as palavras que trituram. ainda escuto os tintilhares. dente no dente. abalo císmico. beirando a lua, dá voltas na minha solidão. é mais difícil que respirar. ilusões à meia noite. abismo de idéias pontuadas. dói, aperta e coça. profundo em mim, não há espaços que lhe sobrem. escorro o que não é denso. vertentes de uma madrugada. ecoa em mim o grito que não dei. a palavra estancada no estômago. frases inteiras incruadas no vazio. colho as lágrimas da chuva toda. foi-se a tempestade, ventania. nada mais é suportável assim. descobrir causa danos irreversíveis. a bestialidade é a arma da felicidade.

sem você as horas passam lentas. olhar vago. dia nada abastado. sem você é tudo sombra. o tempo que passa sem vontade. morosidades perdidas no ar. sufixo desprefixado. lago de idéias. o sol não tem brilho. não há sequer luz solar. é tudo tão sem que não há nada. espaços ocos. vácuos de acasos. infinitas órbitas ilusórias. sorriso largo e sem graça. notas dissonantes. noites insípedas. carinhos sem dono. é toda vastidão desoladora. cachoeira fria que deságua em mim.

"Há mais cousas entre o céu e a terra do que supõe nossa vã filosofia" - 2

conflito de idéias. correlação. há mais de mais de mim. nem eu mesma reconheço. mudou-se o nó que atracava o mundo. cortou-se o fio que segurava a trama. tão forte que machuca. comprime em mim o que há de mim. tão denso que sufoca. amassa, aperta e geme. tão grande que não cabe aqui. nem emprestando um pouco. intensa luz que me acolhe. gira com tamanha desenvoltura que apenas observo. não há mais sustento que petrifique. deu-se o início e foi fulminante. talvez quando tudo era claro escuro era mais fácil. tudo subliminarmente subentendido. nada definitivamente compreendido. agora sou eu e mais o mundo. sou eu encarando a existência. sozinha, aflita, incontida. não há como recolher as migalhas que me sobram. todas extremamente valiosas. não há contento em existir. pura, obstante, difusa, dispersa. sigo o caminho que não tem mais retorno. foi-se o tempo ardendo em labaredas. foi-se o coração tranquilo. agora que tudo foi dito, incontido, ficou mais difícil existir-te sem ser. incurável dor de uma saudade. oriunda.

úmida e latejante. inebriada e escarlate. transcendendo qualquer força nuclear. resisto e insisto. mais forte que qualquer razão de ser. o meu casco duro. três tapas na cara e só uma dor. três socos no estômago e me mantenho inteira. coesa. livre, soberana. ilhada e atada. pedra dura tanto bate que fura. quebra as partes. lasca a carne. estilhaçada, abrupta. vagueio desnorteada. não há motivo que reflita. regorgito, anuncio. sou mais uma, apenas.

Tive uma descoberta brilhante: estou só. Tão só que até assusta.

Receita para um dia infalível

Acorde antes do despertador tocar. Estique o corpo todo antes de sair da cama. Abra bem os braços tentando abraçar o mundo. De uma vez só, abra toda a janela e deixe entrar o sol. Inunde-se do cheiro da manhã. Faça um café bem gostoso, com as mais variadas frutas da estação. Sente-se à mesa, contemplando o horizonte. Coma devagar, não há motivo pra ter pressa. Coloque água nas plantas, preste atenção em cada uma delas. Tome um banho longo e demorado. E claro, não esqueça de colocar Edith Piaf tocando bem alto. Sempre há motivo pra se estar vivo.

questionamentos da existência. a ferida que foi aberta. as partes que estavam escuras. negra e obtusa. revolvendo toda espécie de sentimento. olho meus olhos. fundo do fundo. encontro-me perdida em mim mesma. tantas crostas me foram arrancadas. pérola negra em desuso. não posso permitir. eu sou a escuridão e luz da lua. não há como deixar-te sapatear em meus escombros. poderia dar-te o mundo se assim o quisesse. entregar-me nua, crua, livre de todas as manias que me cercam. no fundo, era o que queria. entretanto, zomba de minha harmonia. remove de mim os planos de um acaso. caçoa da minha demência. nó de azul, rodeia minha maré. mexe em mim e me abandona na lua cheia. renegada e abstrata. procuro meios de contornar. conversão. não demonstra habilidade de comoção. acolhe meu abraço ao mesmo tempo que chuta meu estômago. impossível compreensão.

a felicidade é tão simples. as vezes esqueço disso e almejo o céu. não me contento com noite estrelada. quero estrelas cadentes por dentro de mim. até perceber que o que eu quero está aqui. tão aqui que anda comigo todo o tempo. sempre acessível. momentos curtos e intensos. felicidade é sentir vida pulsando em meu peito.

desejos desejados

luz brilhante. luz solar. duelo de delírios delirantes. espasmos. desordem. calafrios. gota a gota. uma a uma. conta gota. lata dágua. espuma clara de idéia. banho de champanhe. anarquia. bolinhas borbulhantes. sangue quente. fumaça escura. cheiro de mato molhado. corpo nu. cama larga. abismo do caos. abraço apertado. corrosividade. pé de pato. barco no rio. luz de velas. você comigo. clarevidência. boca fechada. sorriso largo e espontâneo. pulos no escuro. coração descompassado. janela aberta. espinha ereta. midnight cowboy. esquina da bela vista. perder-me pra não me encontrar mais.

houve o tempo que secava mais fácil. agora, morrer por inteiro está difícil. o tempo anda úmido por essa região. eu sou pé de planta. morrer cada folha pra nascer a vida. estou murcha e úmida. não há renascer. só comigo mesmo. relutando o pouco do pouco que sobra. não aceitar é simples. refutar. contestar. está claro e foi decidido. não ainda assimilado. sou eu e só eu. a convivência comigo, ao menos, foi reestabelecida. estamos temporariamente em paz. juntas resolvemos encarar a tempestade. tudo lá fora me atormenta. as buzinas, o latido, a sensação de vida cotidiana. aqui dentro, trancada, lacrada, os temores aliviam. olho por tudo e me dá medo me ver nas coisas. queria sumir com qualquer pedaço de mim. começar do zero. isso sim seria renascer. novamente o turbilhão de pensaments me consome. cai o mundo com tamanha naturalidade. nada é certo e tampouco concreto. sei do que está aqui e não poderia existir. ultimamente, essa anda sendo minha única certeza. o que não deveria ser é o que há de mais real. tanto que me vejo falando sozinha. como se isso fosse me convencer de que é insensatez. logo eu que não sei ser racional. é tanto e fica aqui guardado. sem chances de vislumbrar uma possibilidade. mas é intrínseco e não posso lutar. não tenho forças. eu resolvi brincar e agora não sustento. aos poucos me dilacera de mim. corrompe meus sentidos. está tão em mim que não sai mais. perdi a trilha que movia tudo em sintonia. era pra ser algo assim, corriqueiro. e tomou medidas desproporcionais. a chuva, o vento e o beijo. mudou-se o mundo em um segundo. e depois de tudo, o passo é lento. as histórias são longas. relembrar, meu passatempo.

começou o dia.
clareou a luz da manhã.
nasceu o horizonte.
parecia o mar.
bem que podia,
toda a lapa ser mar.
não, toda não,
podia começar ali na guaicurus.
pouquinho antes da linha do trem.
e daí, pegava o rio tietê.
e nada de freguesia do ó,
nem brasilândia.
seria tudo imensidão de mar.
lógico que ia ser poluído
e viver aboletado.
mas que ia ser bonito,
ia...
e o meu apê ia ter visto pro mar!

congruente. suas palavras são sempre exatas. como a mensagem que me mandou. o recado que me deste. pensei em ti. confesso. pensei em ti como antigamente. carinhos e delícias. o canto da boca. a noite estrelada. a confusão toda. o carnaval acabou. faz tempo. anos e anos que não tocam nossa música. o pote. a carta. o poema que fiz. as palavras que te cortaram o peito. não era pra ser assim. foi inevitável. encontros e reencontros. o rádio ainda está na sua sintonia. fora em verso. prosa desnecessária. tanta água e pouco rio. a rede e o filtro dos sonhos. nossos tênis iguais. dou risada de você. espalhando nossos sapatos pela casa. só pra não saber qual era o meu e qual o seu. ou quando deixou o seu na porta pra me confundir. os vizinhos curiosos. nossas intermináveis madrugadas. o dia que fui assistente de direção pela primeira vez. seu impulso e sua força. as olheiras que ficaram. a despedida na porta. era tudo tão mágico. recebi suas notícias enviadas pelo amigo. sei que está bem. a festa eu espero até hoje. mas não temos motivos pra comemorar. a champanhe ficou pra outra data. caminho de pão de queijo. o enredo que te cantei inteiro no chuveiro. a ladeira subindo pulando. as cicatrizes ficaram até hoje. nosso delírio no mato. a cachoeira de abelhas. os seus maravilhosos cds. maldito programa de blues. domingo na cantareira. founde com luz de velas. o frio mais quente que senti. era rosa e tinha força. um dia mais. apenas.

um pé, depois o outro
assim se aprender a andar.
lombo no couro,
duro, rajado.
um espasmo amigo.
cada vez o recomeço,
folha por folha,
broto intenso.
curva de uma vida,
afluente volumoso.
a nascente, borbulhante.

em processo de
(des)cons(truição)

nada acontece por acaso, nunca.
eu sou a prova viva disso.
ou estou aqui pra contrariar.

coisas que não têm preço (em uma cidade no interior de minas gerais)

os sinos da matriz;
o pasto de trás de casa;
cachoeiras pra escolher;
cheiro de casa de mãe no quintal;
sempre as mesmas caras sem rostos;
as finas flores da sociedade interiorana;
chapinha de porcelana dentro de bolsa victor hugo;
cerveja de garrafa 2,50 em todos os lugares;
os “crássicos“ do rock na galera de sempre;
amiga do rio que não vejo nunca;
oi dinda, o tempo inteiro;
sarau no teatro municipal;
a eterna briga pefeitura X conselho de patrimônio;
encontrar conhecido até dentro do banheiro;
abalar as estruturas da comunidade feminina;
tirar onda dos confins e modelitos com o colunista social;
odalisca de trovadorópolis dando show na pista;
drão pagando de gatinho a noite toda;
visitas inesperadas de tarde;
pôr do sol na saideira.

um breve espaço de acaso
as flores de toda colheita
imensidão de um olhar
minha boca e o vento
comutação contínua
ondas permeantes
cuspo trovoadas na amplitude

força sobrenatural que me impulsiona. algo além de mim que dá um estímulo único de sobrevida. ainda que sem vontade, insisto. pura reação dos fatos. chacoalha sem a menor pretensão de ser. intenso e duro, consiste por mais abafado que seja. corto os brotos da parreira. uma a uma, as folhas secas. trituro o remorso de um tempo inteiro. é o tempo de consciência. tomar o rumo que me cabe. fluxo refluxo de um atalho. meu peito ainda não estancado. respiro e inspiro engolindo a dor. gole duro, seco e áspero. contenho as lágrimas que me caem. infinitamente me desprendo. revolvo os alicerces. não há pra que ter estrutura. quebro as barreiras que me contém. plaino na minha própria solidão. é porque é assim e tem que ser forte.

um meio momento. espasmo de tempo. a loucura onipresente e contínua. fios de madrugada. a cidade reluz na chuva. flores, cactos, acasos e espinhos. mexo que remexo no baú do desejo. minha mente insana e dois copos dágua. descobri tanto de um tudo. meados do que não conhecia. desolo consolo em braços de abraços. o sol se põe com lua. dentro de mim. escuridão diurna. a saudade da saudade de uma saudade imensa. é assim, distúrbio e nostalgia. a ladeira firme e o céu distante. as asas podadas e mal pagas. o chopp que escorre em toda superfície. oca, oca, inerte. quero meus pés em terra firme.

tentei confirnar-te em minha alma.
juro que tentei.
escondi-o no canto mais escuro.
fingi não pensar...
no entanto, mal que corta a carne.
está encruado em mim.
tão em mim que não sai.
nem com água e muita cândida.
lavei a minha foligem.
expulsei-o de meu entorno.
mas não sai de minha pele.
esse seu cheiro de lavanda.
as sua carne forte.
prazer insaciável de minhas lembranças.
torce, contorce, remove.
lava a cara, lavra cara.
imagino-te de mil maneiras,
sozinho, acompanhado,
aprumado, mal amado.
habito os seres da sua cabeça.
crio histórias, alucino.
dengo cheiro,
te quero tanto!
o seu corpo apertando o meu,
longa madrugada,
trepada forte,
sinto-te em minhas pernas...
orgasmo tântrico
as costeletas e o lenço encharcado.
confino-te em mais outro canto negro.
tornaste-me toda negra...
obtusa, pálida.
há mais negro em meu peito,
que toda noite sem estrela.
voa asa contra o vento,
remove o barco da maré contínua.
assim vou vivendo a vida.
mudando-te de posição em mim.
procurando um canto
que esteja o antídoto
desse meu amor contido.

boneca de pano

vive como respira. mero acaso esse. não se engana. bem que tenta. ri fingindo que é feliz. não convence nem a si própria. espalha rastro de si por todos os lugares. tentativa de não se perder mais. cada dia mais desmedida. acreditando que qualquer destruição possa ser salvação. confundindo o novo com o velho. algo assim, putrificada. escassa e não fecunda. moribunda e oriunda da nave folha. parte de um todo que não existe. desmembrada de si. desvirtuada com a consciência. aspira tudo que lhe traga essência. é e não foi. é sem jamais ter sido. não é nada. sente-se pouco. dura e tesa. palavras despencadas da lâmpada. intacta e desestruturada. abalada e de cara. apenas consiste.

eu compreendi. os erros e os acertos. todo o travamento. cortei o t. pinguei o i. reescrevi tudo sublinhando o essencial. coloquei ordem na cachola. ajeitei o papel. fiz desenho de flores no canto superior direito. esteticamente aprovado. hoje o dia está ensolarado. consegui entender que entre eu e eu há um grande espaço. ainda estamos traçando nossa linha. não me conformo na existência de destino. tudo milimetricamente traçado e riscado por meus dedos. no futuro entenderei porque tantas páginas em branco. tantos goles travados no acaso. esse maldito bife encruado. a vista realmente é linda e isso valeu a pena. por isso mesmo o desagravo. ainda estou encontrando formas de me enganar. cada dia penso um jeito novo. aos poucos vai funcionando. convencida de mim. acertada comigo mesma. acredito no que meu peito ainda não grita. o cérebro vence o coração, sempre. o azulado entorno. plantações de uma vida inteira. sorriso que se abriu em rasgos profundos. lacerante brilho de um desdém diário. tem aquele ditado. mas isso é desculpa pra não aceitação. taí o eterno dilema. convencer-me do que jamais queria que fosse assim.

eu quero, eu quero, eu quero.
quando cansar de querer,
vou desejar, desejar, desejar.
a vida e minha querência continuada!

Casal

Ela sexta feira com os amigos,
ele domingo almoço com a família.
Ela adora livros e cds,
ele vive enfiado no computador.
Ela desaprova,
ele se comove.
Ela irradia,
ele transpira.
Ela é lua,
ele é chuva.
Ela é fantasia,
ele é suco de melancia.
Ela grita,
ele sussurra.
Ela samba e dança,
ele se espanta.
Ela é resolvida,
ele vive questionando.
Ela anuncia,
ele assobia.
Ela apaixona,
ele decepciona.
Ela pula corda,
ele se enrola.
Ela sai andando,
ele não se conforma.
Ela abandona,
ele se desconsola.
Nenhum dos dois dá o braço a torcer

Ser dinda é...

- ficar contando os dias, as horas e os minutos para encontrá-la;
- andar com um kit entretenimento na bolsa, composto por balinhas de tutti frutti, caderno e canetas para desenho, nariz de palhaço, cigarreira/jogo da velha e muitas chaves;
- acordar as 08h30 da manhã (independente da hora que tenha ido dormir) com bom humor pra ir passear de trenzinho;
- começar a reparar no playground dos barzinhos e andar de olho na programação infantil;
- ficar completamente boba com algumas coisas;
- descobrir um brechó infantil e achar o máximo;
- ouvir te amo e transbordar;
- fazer mil facetas e caretas em frente do espelho só pra ouvir aquela gargalhada gostosa;
- andar com fotos e desenhos só pra poder olhar e mostrar pros outros;
- ser uma coruja total;
- ter dias maravilhosos de criança;
- amar incondionalmente.

foi estranho. é estranho. não desce. nem com muita cerveja e muito fumo. ardendo na garganta. queima qualquer possibilidade de existência. as palavras ainda trituram. umas a uma. camada densa. mal parado e nunca resolvido. é isso e não há convergência. dois a dois. um ao lado do outro. tudo que eu queria era que me dissesse venha. somos dois estranhos. nada igualmente imaginado. o silêncio mortal. sem estoque de cerveja. ficou mais difícil de engolir. realmente não destrinchamos o passado. ele está tão intrínseco em nós, que chega ser nós mesmo. o peso infindável de ser algo sem nunca ter sido. novamente golpeada, me mantenho sólida. inerte. antiaderente. não há nada que me cause mais estranhamento do que eu mesma. questionamentos travados na memória. o nada entre nossos corpos.

auto retrato

há que se brilhar no escuro.
há que se desenrolar nas lisuras.
há que se ter nervos de aço.
há que se ter punhos de ferro.
há que se ter leveza de espuma.
há que se permitir um sorriso.
há que se permitir uma lágrima.
há que se permitir ser, sempre.

Acabou chorare, amor II

acabou chorare, amor
brilha em meu peito a sua essência
a videira, luz intensa
de mãos dadas, encaramos o mundo
somos nós e mais nada.

Acabou chorare, amor
finalmente o gozo do gosto
nosso leito deleite
sem madrugadas frias

Acabou chorare, amor
a primavera brotando cores
o seu ventre perfumado
a folha da esperança

Acabou chorare, amor
simplesmente porque nós estamos aqui.

indubitável azul que me ilumina. as cinzas da tempestade. laranja que me acolhe. verde que me consome. meu ventre rosa. o peito negro. cabeça branca. arco-íris da minha vida!