26.12.06

Carne, osso e nervos

Sou feita de carne, ossos e nervos...
Muitos deles! Sinto e sinto muito!
Tenho uma enorme capacidade de refuçar sentimentos e assim redescobrí-los...
Mas nada abala tanto quanto seu cheiro.
Sim, seu cheiro, ele mexe comigo. Devaneios, devaneios e insanidades...

Assim eu te digo, vamos. A noite tá longa... Seu pé enconsta no meu. Você me abraça. A noite passa... Me deixa louca!

Essa música... Sim, coloca o CD da Elis! Canta comigo. Deixa tudo ficar assim! Do jeito que está é mais gostoso. Não há sofrimento.
Por que fomos mexer no nosso baú de quinquilharias? Já tava tudo lá, guardado, com pó por cima. Ninguém mexia, ninguém sentia. Te vi na estrada, mas provavelmente não era você. Sonhei contigo, sonho. Irreal. Você me puxava prum canto... Acho que era o banheiro, sei lá. Só sei que esse lugar ficou sendo nosso. Como tudo que encostamos o dedo.
Saudades... Isso foi o que me deixou. Sei que também sente. Sentimos os dois.
Mas sentimos cada qual no seu canto. Por que brincamos com nossos sentimentos? Você estava na estrada. Mas não podia ser você... Quase quebrei o pescoço, e só via você. Mas só pode ter sido alucinação. Ou talvez a grande vontade que fosse você. Por que eu não parei o carro? Porque eu não consegui assumir que queria que você estivesse ali. Como eu queria que você estivesse aqui, agora. Ou como eu queria que apenas estivesse...
Mas é impossível não é? Pólos iguais se repelem. Impossível ficarmos grudados...
Dois loucos é demais pruma loucura só. Nosso texto ainda estamos escrevendo, eu você e o destino. Sim, dizem que nosso destino é nóis dois no mesmo caminho. Eu nunca acreditei em destino. Quando me falaram isso eu ri, mas já disse, foi pessoa séria que falou. Eu ri e disse que isso não era destino, era uma praga. Sim, você é uma praga! E eu ainda sonho contigo. E também te sinto, mínimo, e inteiro! Sim, você, seu óculos de sol... Uma cachoeira, aquela cachoeira... A canga rasgada. Por que você ainda guarda? Ela rasgou da gente... Era um sinal. Nós estavámos rasgados... E você me mostrou que ainda guarda... Eu ainda te disse que era uma canga corintiana, mas mesmo assim você ainda guarda junto com todas as quinquilharias do seu timinho... Junto com os bilhetes, as cartinhas, os presentes, as caixas... Tá tudo lá guardado entre livros, fotos e poemas. Por que você ainda guarda? Por que fez questão de mostrar que ainda guarda. Por que me diz sempre que adora tudo que te escrevo. Mesmo quando te escrevi as piores frases, te desejei os piores momentos... Você ainda falou que mesmo sendo cruel, eu ainda sou doce. E que adora mulher brava. Por que falou isso tudo? Por que terminou a conversa desejando que eu tivesse os melhores dias de minha vida? Por que diz que me adora? Por que diz que sou a perfeição imperfeita? Por que brigamos?
Ah, somos tão um do outro que fica difícil desassociar... Fica difícil entender agora porque te falei o que te falei. Porque me respondeu o que me respondeu... Fica difícil explicar nossas conversas de meias palavras e inteiros sentimentos. Tudo difícil entre nós dois.
Vou te ligar. vou te falar que te vi na estrada. Vou te contar o meu sonho. vou assumir que quero te ver. Vou assumir que quero saber de você. Aliás, como você está? Está aqui ou ali? Tá comendo torresmo? E o pão de queijo... Lembrei que você me comprou queijo, de vários tipos, só porque sabe que eu adoro queijo. E abriu vários potinhos com vários tipos de queijo. E tomamos suco. E rimos na sala. E esquentou meu pão. E era seis da manhã. E nem parecia que era seis da manhã. E chegamos atrasados. E nos permanecemos por muito tempo, deitados, lado a lado, pé com pé, braço com braço. Sonho com sonho.
Dois em um. Um em dois.
Juntos, infinitas possibilidades.
Separados, apenas passado!

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