6.12.08

almoçar com craudinha. encontrar brenda. visitar jojo. jogar conversa fora. dar risada. falar com nani por skype. abraçar a barriga. comer bolacha. chegar tarde em casa. pedir pizza. cochilar na sala. dormir abraçada. ganhar beijo no cangote no meio da noite. eu amo sexta feira!

28.11.08

é amor demais
inebria
anestesia
sinergia
clara, leve e mansa
lembrança e momento
abraçados
fortificados
mais tu em mim
do que eu mesma.
assim, assim...

21.10.08

o momento anda muito mais sensorial que de escrita. perceber todas as mudanças, nuances, sensações, emoções. lavar a cara e despir a alma. livre e sem medidas. amando mais que tudo. sublime e mágico. é um novo tempo, eu tenho certeza.

15.9.08

tudo espalhado pela casa. roupas entrelaçadas, amassadas, suadas. caixas e mais caixas. móveis que ainda precisam ser distribuídos. tempo de enraizar e criar laços. largo tudo pra te ver dormir. olhar suas nuances suavizadas pelo sono. tudo tão rápido e já consumado. o mais incrível é que nada disso me assustada, pelo contrário, me sinto amparada. é como se tivesse esperado por você a vida inteira. nosso encaixe perfeito. a simetria dos desejos. parece que o tempo parou pra gente continuar. perco o sono, regorgito. era você o tempo todo. é isso e eu quero que seja assim, para sempre, porque eu te amo.

Finalmente pronto!

Bom, eu não sei se é bom, não sei se deveria divulgar. Acredito que é possível dar algumas risadas... Mas, como filho é filho, vai aqui o serviço:

CANA QUENTE
Brasil, 2008 – 80 min. Direção e roteiro: Luiz Alberto Zakir Elenco: Edmilson Nascimento, Hugo Casarini, Elisa Americano Saintive, Osmar Malavazi, Maria Helena Serrano, Wagner Molina Participação especial no elenco: Dionísio Neto, Raquel Marinho e L.Stein Assistência de direção: Celso Gonçalves Direção de Fotografia: Aloysio Raulino Montagem: Fábio Yamaji Som: Gustavo Nascimento e Pedro Arantes Edição de som: Daniel Turini Estúdio de som: Inputsom Produção executiva: Paulo Boccato e Mayra Lucas Direção de produção: Camila Andrietta Índio é um cortador de cana, empregado de um grande usineiro de uma pequena cidade agrícola do interior de São Paulo. Por seu porte e sua aparência física, que claramente o destoa dos demais cortadores, acaba chamando a atenção de duas poderosas mulheres da região: Estela, mulher do dono da usina e Ana Rita, fazendeira e fornecedora de cana-de-açúcar para a empresa. Porém, o assassinato misterioso de uma jovem, coloca Índio na posição de suspeito do crime. Sem ter um álibi que possa revelar, Índio acaba se complicando ainda mais perante as autoridades locais. A trama se evolui conforme alguns segredos que envolvem a usina e os negócios provenientes da cana vão sendo revelados e o envolvimento de Índio com as duas mulheres se aprofunda. O crime, que está no centro de toda tensão, ainda terá de ser revelado para que todos os segredos que envolvem as relações de poder na região venham à tona. Estréia dia 19 de setembro com Bate-papo com diretor. 0 R$ 8,00; R$ 2,00 (trabalhador no comércio e serviços matriculado e dependentes, aposentados e estudantes com carteirinha).
De 19/09 a 25/09. Sexta a quinta, às 19h.
SESC CineSesc

11.9.08

mais uma mudança. a quinta só esse ano. novamente entre caixas, roupas e móveis. dessa vez não é só a mudança de local. é toda uma mudança em mim. decidir o que vai e o que será vendido. otimizar o guarda roupa que é nossa primeira aquisição juntos. o 703 se desfaz e eu já começo a pensar no sentido família da vida. trocar a geladeira porque agora tem que ser duplex. máquina de lavar roupa tem que ser maior. agora eu quero tudo amplo, pra aconchegar nós três. é, eu já vivo sendo três. como por dois. não sou mais eu, apenas. somos nós.

16.8.08

é amor. amor que não cabe só dentro. amor que espalha, inunda, transborda, procria, multiplica. é tanto que não é mais só nós. é todo o universo e mais um pouco. é anil, escarlate, amarelo e violeta. é amor que virou caracol por vontade própria. é assim, porque eu me movo e algo se mexe comigo!

16.7.08

devaniando pelos cantos. perdida, só, aflita. como se não fosse coisa o que tanto me perturba. destruição anunciada. passos largos, angustiada. se vai o sono e as olheiras permanecem. como sombras espalhadas pelo rosto. ferida aberta. porque muito sinto e palavras não exprimem o que acontece em meu peito. ventre se contorce, corrompe. é tudo como sempre foi, mas agora é bem diferente. já não sou mais a menina vadia que andarilhava pelas ruas. já não me pertenço, embora seja tão minha. tavez seja essa a angústia. começar a criar raízes. fincar o pé e virar na cama. porque sem você parece que falta alguma coisa. tudo parte emendada e já grudada. porque sem você o dia passa lento, as buzinas ressonam e é tudo atormento. pompéia perde um tanto da graça e a cidade fica assim, meio insosa. é que na verdade, ao seu lado, a vida ganha asas e eu me perco encontrada.

14.6.08

como a luz que transforma tom e cor. transbordou em mim e iluminou. turbilhão, fervilhação. já é dia e em meu peito brotam flores da primavera. reverberam suas palavras em meu ouvido. clara, leve, flutuante, límpida. redescobrindo em mim sensações já amainadas e um tanto escondidas. é tudo seu, nosso, meu. o quarto que expande junto com nosso gozo. tão real e sublime. tanto esperado e cultivado. meus dias ganharam cheiro de amêndoa. meu sorriso faz sentido e vai certeiro na sua direção. era você eu nem sabia... aliás, quem saberia disso tudo? quem diria? foi tudo tão de repente. surpreendente, envolvente. e agora fico aqui contando os minutos. querendo mais alguns segundos. essa querência que me inebria. espasmos perdidos no tempo e espaço. caso de acaso. eu, você, respiração. só sei que meus pés não tocam mais o chão. simples como asa de borboleta. amarelada com sol raiando. é assim, toda imensidão em mim.

6.6.08

é como se eu já não sentisse mais nada. parece que parou o tempo e desfolharam todas as árvores que me abrandavam. outono em mim. primavera em meu ventre. sangue quente, quase fervilhante. aquele constante arrepio na espinha. meus gestos vagos. o dia que já vem noite clareando. ou clareou tudo e eu nem percebi. sempre há noite em mim. dois pesos e muitas medidas. o rumo dos meus anseios. aprumo, aconchego. carinho gostoso do seu abraço. respira, alucina. noturna e sóbria. lavada de qualquer limite. perdida em pensamentos eliptícos. é como se tivessem acionado todo o mecanismo. querência constante nem sempre consentida. e eu conto as horas e nada muda. mas já se transformou tudo depois daquele momento. não há medidas pro que quero viver, ao seu lado, sempre. é tudo tão tão, que é quase um devaneio. sonhos de amplidão. porque quando encostei minha boca no seu dente, tudo tomou forma e cor e luz. foi assim tão simples e perene que até a chuva desabou. desabando junto o mundo em mim. sou toda devastação. sou toda a peste de outros tempos. sou sua perdição.

1.6.08

repensar os meus dias. um passo e um ponto. fechar a porta. abrir novo caminho. estender a mão pedindo paciência e consolo. entorno de dias frios e madrugada tangente. dormir até os olhos abrirem. mudar a roupa. lavar a alma. respirar o cheiro da loucura que não cessa. é, está na hora. novos rumos e nenhum olhar. de repente, tudo se alumiou. foi o tempo do tempo sem sol. ventania, utopia. como se fosse eu e nada mais importasse. só eu e meus anseios. é, assim, recomeçar tudo de novo!

29.5.08

mãe preta moderna!



proteção vem até por email hoje em dia...
viva a tecnologia!

16.5.08

é porque eu estou me reestabelecendo. não adianta, faz parte de todo conteúdo e contexto. criador e criatura. meu ventre se contorce. já não sou, apenas. é mais que eu. não sou mais aquela ou a outra. sou tantas que não cabem em mim. cuspo eu. cheiro eu. lambo eu. de mim brotam tantas que parece um devaneio. cada dia uma nova. somos todas, conversamos, nos entendemos. cada uma tem seu momento. o bom disso tudo é que quando faço alguma coisa que me arrependo, digo, ah, não era eu... era ela ou aquela. porque nem eu mesma me compreendo. e pra falar a verdade, tem dias que eu não me suporto. e não suporto nenhuma delas. nesses dias é necessário muita naftalina pra encrustar a ferida. naftalina é bom que impregna. não sai nem com água e sabão. eu gosto de coisas impregnantes. as vezes elas me irritam um pouco, mas eu gosto. odeio que me cobrem. já me cobram de um tudo, precisa me cobrar amor, não. amor eu dou pra quem eu quero, quando quero, como eu quero. é, eu sei, eu sou chata mesmo. mas não pedi pra me suportar. aliás, não pedi pra suportar nenhuma de mim. hoje em dia, basta que eu seja qualquer uma que eu quiser. é só isso. não me perturbe.

4.5.08

email de amiga

Amiga Gê querida me enviou essa frase por email há uns dois anos, disse que quando leu se lembrou na hora de mim. Todo esse tempo depois eu ainda tenho que concordar, essa frase continua sendo minha cara!

"Quando estou a fim de fazer besteira, quase nada pode me segurar."
Dita por Orson Welles, pouco antes de conhecer Rita Rayworth em "A Dama de Shangai".

não adianta o cabelo desgrenhado. também não resolve o sapato desamarrado. ela continua emanando sonhos e possibilidades. assim, só por ser. assim mesmo, só por se ter. como se ela só precisasse mesmo dela. ela se basta. ela se completa. tão só e cheia e plena que atiça os sentidos de quem passa por ela. parece dor ser resolvida. parece que lhe pesa nos ombros os caminhos traçados. argila seca, redemoinho. tão cheia de si que até se sabota um pouco. mesmo sem perceber o auto flagelo. não tenta se mostrar vulnerável. não se permite ser de nervos e ossos. fingi ser de ferro, até que desmorona. mas cai com a classe de cair sozinha, escondida, morimbunda. ninguém a vê chorar. não tolera a compaixão por ela. mesmo com toda sensiblidade que existe dentro dela, quem a conhece acredita que é de pedra. pobre menina, perdida em seus devaneios. já não sabe mais o que é dor a dor que deveras sente.

2.5.08

é por me perder que vou me encontrando. cada passo um atropelo. resfolegante, ultrajada. arrependida e um tanto amargurada. foi o tempo que a música ardia em labaredas. foi o tempo que tudo era igual a tudo. agora, em mim, só vazio e complascência. deixei o rumo. a deriva, inconstante. como se fosse assim e só e coisa. não sendo nada, apenas. existir é uma dor constante.

30.4.08

Acontece

Esquece o nosso amor, vê se esquece.
Porque tudo no mundo acontece
E acontece que eu já não sei mais amar.
Vai chorar, vai sofrer, e você não merece,
Mas isso acontece.
Acontece que o meu coração ficou frio
E o nosso ninho de amor está vazio.
Se eu ainda pudesse fingir que te amo,
Ah, se eu pudesse
Mas não quero, não devo fazê-lo,
Isso não acontece.

* Cartola

* Esquece... Vê se esquece!

24.4.08

jardim botânico















17.4.08

inebriada/escarlate/desinibida/incontida/flufiante/borbulhante/inconstante/circulante/resfolegante/ofegante/insône/desarmada/aliviada/sonhadora/amigável.
nua e crua.

permito que me tenhas e quero sua existência em mim.

havia esquecido o quanto seu corpo é delícia. seu cheiro ventania.

agora eu quero tudo que deixei pra trás. quero seu corpo, sua pele e sua boca.

é assim, porque é do seu fogo que eu tiro meu sustento!

Me Deixas Louca

Quando caminho pela rua lado a lado com você
Me deixas louca
E quando escuto o som alegre do teu riso
Que me dá tanta alegria
Me deixas louca

Me deixas louca quando vejo mais um dia
Pouco a pouco entardecer
E chega a hora de ir pro quarto escutar
As coisas lindas que começas a dizer
Me deixas louca

Quando me pedes por favor que nossa lâmpada se apague
Me deixas louca
Quando transmites o calor de tuas mãos
Pro meu corpo que te espera
Me deixas louca

E quando sinto que teus braços se cruzaram em minhas costas
Desaparecem as palavras
Outros sons enchem o espaço
Você me abraça, a noite passa
E me deixas louca

* A. Manzanero - Versão: Paulo Coelho

** sim, sim. me deixas louca, meu bem!

16.4.08

já contei nos dedos as vezes que meu coração palpitou por ti. incrível, mas é você se manifestar que o mundo revira. coração na boca. garganta, língua e saliva. seu olhar e toda tempestade que ele me causa. desde que me ligou estou aflita, pensando como vai ser esse reencontro. contorno-entorno de mim. de nós. noites em claro na rede. sangue quente. estranha combinação. cerveja pra mim, pinga talvez, você vinho tinto. almoço, jantar e café da manhã. te devoro todinho só em pensamento. mordo a carne. cuspo na cara. você é meu vício. macabro. destrato. paixão.

8.4.08

Vou-me embora pra Pasárgada

Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada


Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconseqüente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que eu nunca tive


E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d'água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada


Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcalóide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar


E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
— Lá sou amigo do rei —
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada

3.4.08

fazendo arte com a arte





interagindo com a cow parade rio.
vaca de copacabana, que ficava na esquina da av. atlantica com a bolívar, em frente ao copa café.

27.3.08

tem momentos que são inevitáveis. sentimentos que são imutáveis. pessoas que chegam e tomam um espaço gigante sem nem pedir licença. outras que estiveram sempre por perto e não significam nada. a verdade é que não escolhemos nada. as coisas acontecem com uma vontade irremediável. a vida muitas vezes nos atropela sem dar alternativas. apenas finjo que me navego, mas "quem me navega é o mar".

25.3.08

camila:

o tempo não pára, nunca. respira, alucina. vibra. cheira. só não perde jamais a paciência!





é assim que a gente fica quando a gente se tromba nessa vida...
mineirada é foda, viu!

18.3.08

Indo um pouco mais além, não que o papo tenha sido assim, mas bem que poderia...

Clarice Lispector
Há três coisas para as quais eu nasci e para as quais eu dou a minha vida. Nasci para amar os outros, nasci para escrever, e nasci para criar meus filhos. "O amar os outros" é tão vasto que inclui até o perdão para mim mesma com o que sobra. As três coisas são tão importantes que minha vida é curta para tanto.

Alice Ruiz
que importa o sentido
se tudo vibra?

Clarice Lispector
Sempre me restará amar. Escrever é alguma coisa extremamente forte mas que pode me trair e me abandonar: posso um dia sentir que já escrevi o que é meu lote neste mundo e que eu devo aprender também a parar. Em escrever eu não tenho nenhuma garantia.
Ao passo que amar eu posso até a hora de morrer. Amar não acaba. É como se o mundo estivesse a minha espera. E eu vou ao encontro do que me espera.

Alice Ruiz
já estou daquele jeito
que não tem mais concerto
ou levo você pra cama
ou desperto

Camiles
Não sou de metades...
Sou plena, cheia, inteira, redonda...
Sou elevada ao cubo!

Alice Ruiz
já não temo os fantasmas
invoco a todos
que venham em bando
povoar meus dias
atormentar minhas noites

entre tantos
loucos e livres
existe um
que é doce
e que me falta

Clarice Lispector
O que me tranqüiliza
é que tudo o que existe,
existe com uma precisão absoluta.
O que for do tamanho de uma cabeça de alfinete
não transborda nem uma fração de milímetro
além do tamanho de uma cabeça de alfinete.
Tudo o que existe é de uma grande exatidão.
Pena é que a maior parte do que existe
com essa exatidão
nos é tecnicamente invisível.
O bom é que a verdade chega a nós
como um sentido secreto das coisas.
Nós terminamos adivinhando, confusos,
a perfeição.

Camiles
essa mania de querer
ainda vai me deixa louca
quero tudo, sua pele,
seu beijo, sua boca.

pode parecer ridículo, até um tanto pretensioso, mas foi um sonho louco. não sei se porque as duas são mulheres que eu muito admiro ou se ultimamente eu ando lendo muitas coisas delas. sonhei que fiz uma mega balada acompanhada por alice ruiz e clarice lispector. inusitado e muito engraçado. clarice era a mais mal humorada, reclamava de tudo um pouco. sempre com um copo de gin tônica na mão e um cigarrinho entre os dedos. alice era pura fantasia. andava no embalo da bebida, da música da dança. eu era a nossa adrenalina, escolhia os lugares, delimitava os espaços. não deixava a noite ter fim. é impossível lembrar uma frase inteira que foi dita nessa longa madrugada. mas tudo era denso e transcendia em mil vertentes femininas. questionamentos sobre a alma masculina. alice os defendia a todo momento. acho que é porque alice foi casada com leminski, o que até me dá uma certa admiração e um tantinho de ciúmes. eu também queria ter sido amada por leminski. ou simplesmente queria ter convivido com esse grande amor. eu e clarice compartilhávamos dos mesmos sentimentos. uma coisa meio sado, meio maso. gostamos de tratar mal, desdenhar. inversas e ambíguas. admitimos que não vivemos sem, mas que a melhor parte é gritar pro mundo que não dependemos deles pra nada. e clarice me confidencia que já fez de tudo por um amor. alice é apaixonada e diz que só o entrelaçar das pernas vale qualquer mágoa que possa vir um dia. e foram mais tantas discussões e convívios que eu até acordei cansada. procurei-as quando acordei, de tão real que foi a experiência. tentei entender toda essa noite catarse. de todas as explicações que eu imaginei, a que mais me convenceu é que eu era todas. eu em cada fase e força evolutiva. eu apaixonada, eu amarga, eu louca. era eu tentando me defender e me acusar dos meus próprios questionamentos. era eu me assumindo, me encontrando e me perdendo. deliciosa experiência de auto-conhecimento.

Boteco

Eu sou meio intelectual, meio de esquerda, por isso freqüento bares meio
ruins. Não sei se você sabe, mas nós, meio intelectuais, meio de esquerda,
nos julgamos a vanguarda do proletariado, há mais de cento e cinqüenta
anos. (Deve ter alguma coisa de errado com uma vanguarda de mais de cento
e cinqüenta anos, mas tudo bem).

No bar ruim que ando freqüentando ultimamente o proletariado atende por
Betão - é o garçom, que cumprimento com um tapinha nas costas, acreditando
resolver aí quinhentos anos de história.

Nós, meio intelectuais, meio de esquerda, adoramos ficar "amigos" do
garçom, com quem falamos sobre futebol enquanto nossos amigos não chegam
para falarmos de literatura.

- Ô Betão, traz mais uma pra a gente - eu digo, com os cotovelos apoiados
na mesa bamba de lata, e me sinto parte dessa coisa linda que é o Brasil.

Nós, meio intelectuais, meio de esquerda, adoramos fazer parte dessa coisa
linda que é o Brasil, por isso vamos a bares ruins, que têm mais a cara do
Brasil que os bares bons, onde se serve petit gâteau e não tem frango à
passarinho ou carne-de-sol com macaxeira, que são os pratos tradicionais
da nossa cozinha. Se bem que nós, meio intelectuais, meio de esquerda,
quando convidamos uma moça para sair pela primeira vez, atacamos mais de
petit gâteau do que de frango à passarinho, porque a gente gosta do Brasil
e tal, mas na hora do vamos ver uma europazinha bem que ajuda.

Nós, meio intelectuais, meio de esquerda, gostamos do Brasil, mas muito
bem diagramado. Não é qualquer Brasil. Assim como não é qualquer bar ruim.
Tem que ser um bar ruim autêntico, um boteco, com mesa de lata, copo
americano e, se tiver porção de carne-de-sol, uma lágrima imediatamente
desponta em nossos olhos, meio de canto, meio escondida. Quando um de nós,
meio intelectual, meio de esquerda, descobre um novo bar ruim que nenhum
outro meio intelectual, meio de esquerda, freqüenta, não nos contemos:
ligamos pra turma inteira de meio intelectuais, meio de esquerda e
decretamos que aquele lá é o nosso novo bar ruim.

O problema é que aos poucos o bar ruim vai se tornando cult, vai sendo
freqüentado por vários meio intelectuais, meio de esquerda e
universitárias mais ou menos gostosas. Até que uma hora sai na Vejinha
como ponto freqüentado por artistas, cineastas e universitários e, um belo
dia, a gente chega no bar ruim e tá cheio de gente que não é nem meio
intelectual nem meio de esquerda e foi lá para ver se tem mesmo artistas,
cineastas e, principalmente, universitárias mais ou menos gostosas. Aí a
gente diz: eu gostava disso aqui antes, quando só vinha a minha turma de
meio intelectuais, meio de esquerda, as universitárias mais ou menos
gostosas e uns velhos bêbados que jogavam dominó. Porque nós, meio
intelectuais, meio de esquerda, adoramos dizer que freqüentávamos o bar
antes de ele ficar famoso, íamos a tal praia antes de ela encher de gente,
ouvíamos a banda antes de tocar na MTV. Nós gostamos dos pobres que
estavam na praia antes, uns pobres que sabem subir em coqueiro e usam
sandália de couro, isso a gente acha lindo, mas a gente detesta os pobres
que chegam depois, de Chevette e chinelo Rider. Esse pobre não, a gente
gosta do pobre autêntico, do Brasil autêntico. E a gente abomina a
Vejinha, abomina mesmo, acima de tudo.

Os donos dos bares ruins que a gente freqüenta se dividem em dois tipos:
os que entendem a gente e os que não entendem. Os que entendem percebem
qual é a nossa, mantêm o bar autenticamente ruim, chamam uns primos do
cunhado para tocar samba de roda toda sexta-feira, introduzem bolinho de
bacalhau no cardápio e aumentam cinqüenta por cento o preço de tudo. (Eles
sacam que nós, meio intelectuais, meio de esquerda, somos meio bem de vida
e nos dispomos a pagar caro por aquilo que tem cara de barato). Os donos
que não entendem qual é a nossa, diante da invasão, trocam as mesas de
lata por umas de fórmica imitando mármore, azulejam a parede e põem um som
estéreo tocando reggae. Aí eles se dão mal, porque a gente odeia isso, a
gente gosta, como já disse algumas vezes, é daquela coisa autêntica, tão
Brasil, tão raiz.

Não pense que é fácil ser meio intelectual, meio de esquerda em nosso
país. A cada dia está mais difícil encontrar bares ruins do jeito que a
gente gosta, os pobres estão todos de chinelos Rider e a Vejinha sempre
alerta, pronta para encher nossos bares ruins de gente jovem e bonita e a
difundir o petit gâteau pelos quatro cantos do globo. Para desespero dos
meio intelectuais, meio de esquerda que, como eu, por questões
ideológicas, preferem frango à passarinho e carne-de-sol com macaxeira
(que é a mesma coisa que mandioca, mas é como se diz lá no Nordeste, e
nós, meio intelectuais, meio de esquerda, achamos que o Nordeste é muito
mais autêntico que o Sudeste e preferimos esse termo, macaxeira, que é bem
mais assim Câmara Cascudo, saca?.

- Ô Betão, vê uma cachaça aqui pra mim. De Salinas quais que tem?

* João Werner. Texto integrante do volume As Cem Melhores Crônicas Brasileiras,
organizado por Joaquim Ferreira dos Santos.

Bar ruim é lindo, bicho
* Antonio Prata

17.3.08

é tanta abobrinha, ladainha e besteira que prefiro colocar o fone e ligar num celular que não toca mp3 e nem rádio. só pra fingir que tô em outro mundo estando com meus pés fincados no chão. cansei desse papo todo. mistura de delírio e loucura. porque se fosse algo, até valeria. assim mesmo, sem pretensão alguma... planos e manias. cerveja descendo pela garganta, narina, latrina. alguém diz a última de amy. eu digo que muito me impressiona aquele cd que ela fez todo depois de um fora. juro, eu queria ser amy winehouse. queria muito. só pra tocar pra fuder em rede nacional, linha internacional. pra ser todas e muitas e ser eu mesma. pra me dar vazão e contentamento. latitude longitudinal. arrepio, calafrio. seu sorriso e o sol amanhecendo. branca como a neve que insistia em cair na noite paulistana. branca como tudo que ainda nos contorna. cama imensa, cheirosa e sozinha. quintaneando pelos cantos. só pra ser vadia. só pra ter sua língua. só pra me ser, apenas.

domingo, casa de geisa, 18h25. tremenda ressaca e enorme bebedeira. estou tentando abrir uma garrafa de cerveja. aproxima-se um rapaz bastante estiloso que eu já havia percebido na festa.

- nossa, você parece tanto com uma amiga minha...

eu continuo apenas olhando pro rapaz.

- ela chama camila.

- eu me chamo camila.

- é, ela chama camila andrietta.

- uai, eu sou camila andrietta, você é meu amigo?

- ah, eu sou o rodrigo, lembra? de recife, vim pra cá ano passado...

- ah, nossa, mas você tá tão diferente, né????

14.3.08

ansiedade. eu pintei as unhas de vermelho, só porque eu sei que é assim que você gosta. escolhi as roupas. mal dormi. quase não trabalhei. senti o seu cheiro nas palavras cortadas que trocamos. cada um correndo prum canto. pensando no que vou falar. nas coisas que quero te contar. só pra quando eu ver seus olhos esquecer tudo de novo e perder o juízo. tão lindo e tão gostoso. percorrer seu corpo com os dedos, com a língua, com saliva. nossos corpos entrelaçados em qualquer espaço do planeta. dengo cheiro, alucina. derreter, secar, espalhar. até que de nós dois não reste nada além de espasmo, gozo e amor.

e me deu uma saudade de tudo. das longas risadas. dos abraços apertados. de tudo ao mesmo tempo agora. essa modernidade de fotos no cyber espaço. os amigos tão longe e tão perto, mas tão longe. engulo as lágrimas. contemplo o tempo. avoa meu canto, pássaro. reflexo de mim em mim. no fundo pura solidão que não tem mais fim. eu vim, vi e sobrevivi. com tudo e mais um pouco. feridas cristalizadas. olhares gelados. espasmos. relembrei um tanto. desvencilhei. as rosas continuam amarelas, mesmo em noite de temporal. é claro mesmo na escuridão. noite estrelada, escarlate. anilina, ampicilina, anfetamina. girando assim. foi-se o tempo que eram histórias. perspicácia e angústia. nada mais é confortável. dói tanto que até goza. viver, as vezes, é um lapso alucinante que eu adoro.

Paciência

Mesmo quando tudo pede
Um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede
Um pouco mais de alma
A vida não pára...

Enquanto o tempo
Acelera e pede pressa
Eu me recuso faço hora
Vou na valsa
A vida é tão rara...

Enquanto todo mundo
Espera a cura do mal
E a loucura finge
Que isso tudo é normal
Eu finjo ter paciência...

O mundo vai girando
Cada vez mais veloz
A gente espera do mundo
E o mundo espera de nós
Um pouco mais de paciência...

Será que é tempo
Que lhe falta prá perceber?
Será que temos esse tempo
Prá perder?
E quem quer saber?
A vida é tão rara
Tão rara...

Mesmo quando tudo pede
Um pouco mais de calma
Mesmo quando o corpo pede
Um pouco mais de alma
Eu sei, a vida não pára
A vida não pára não...

Será que é tempo
Que lhe falta prá perceber?
Será que temos esse tempo
Prá perder?
E quem quer saber?
A vida é tão rara
Tão rara...

Mesmo quando tudo pede
Um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede
Um pouco mais de alma
Eu sei, a vida não pára
A vida não pára não...

A vida não pára!...
A vida é tão rara!...

* Lenine e Dudu Falcão

acabei de vender minha alma por mais 22 dias...
esperei ao máximo pra efetuar o negócio, mas foi inevitável.
agora é respirar e me entregar.
22 dias, 3 semanas.
vamos que vamos, né não?

10.3.08

confusão. transformação. miscigenação. tão perdida que não aqui. pedaços espalhados por todas as partes. em cada canto um atropelo. caixas em minas, são paulo e rio de janeiro. nenhuma certeza. destreza. alguns momentos brotam borboletas em meu estômago. outros são de pura erupção. vulcão assim. vazio. acaso. panela de pressão. como se não bastasse essa saudade imensa que prolifera em meu peito. com a casa vazia e a cama king fica mais difícil ainda. tem horas que só consigo te querer. nada tem muita graça a não ser imaginar seus olhos olhando pra mim. como no dia que tocou a campainha e grudou o rosto no olho mágico. tão lindo e tão alucinado. pedaço de mim.

4.3.08

O Analfabeto Político

O pior analfabeto
É o analfabeto político,
Ele não ouve, não fala,
nem participa dos acontecimentos políticos.
Ele não sabe que o custo de vida,
o preço do feijão, do peixe, da farinha,
do aluguel, do sapato e do remédio
dependem das decisões políticas.
O analfabeto político
é tão burro que se orgulha
e estufa o peito dizendo
que odeia a política.
Não sabe o imbecil que,
da sua ignorância política
nasce a prostituta, o menor abandonado,
e o pior de todos os bandidos,
que é o político vigarista,
pilantra, corrupto e o lacaio
das empresas nacionais e multinacionais.

* Berthold Brecht

29.2.08

Ligação mais surreal dos últimos tempos...

Tuuu, Tuuuu, Tuuu
- Alô, quem fala?
- Com quem você gostaria de falar?
- Bem, esse número me ligou várias vezes. Apareceu aqui no meu celular.
- Quando?
- Nos últimos 5 dias, me ligaram umas 10 vezes desse número, meu nome é Camila.
- Ah, Camila, já sei, fui eu quem liguei, você estava fora, né?
- É ainda estou, estou morando um tempo no Rio, quem é?
- É o Marcinho do Teatro Oficina, você me conheceu no "Os Sertões"...
- Eu???? Não, não sou eu.
- É, é sim, você é Camila, de cabelo curtinho, não é?
- Mas eu não vi "Os Sertões".
- Claro que viu, a gente se conheceu no Oficina e você me deu seu telefone...
- Caralho, será que eu fui ver a peça tão louca que eu não lembro? Rapaz, eu queria muito ter visto "Os Sertões", mas realmente, tenho até arrependimento de não ter ido na temporada de São Paulo.
- Mas como você estava lá?
- Olha, vou te dizer mais uma vez, você está me confundindo, não era eu porque eu não vi a peça.
- Eu sou ator da peça.
- E eu não sei quem é você! EU NÃO VI A PEÇA! (já perdendo a paciência).
- E aí, voce continua namorando com os quatro de uma só vez?

Nesse momento meus neurônios se recompõem e eu consigo lembrar da última vez que fui no Oficina, depois de já estar bem louca na festa do Festival de Documentários, segui com um acompanhante e 3 amigos homens pra uma festa no Oficina, que por sinal, era pra comemorar a estréia de "Os Sertões", há praticamente um ano atrás.

- Aaaaaaah, lembrei! Fui numa festa no Oficina há muito tempo atrás, te dei meu telefone porque procurava um ator prum curta.
- ... Hm, e o curta, já fez?
- Já fiz e já tá quase ficando pronto...
- Tá mas e aí, não te liguei pelo curta, te liguei porque te achei muito interessante...
- Ah não, espera aí... Um dia você acorda, pega o celular, vê um nome, assimila com um rosto, quase um ano depois e liga insistentemente?
- Não, eu já te liguei várias outras vezes de outros telefones, mas você nunca atendeu. Depois comecei a ouvir o recado no celular. Achei que você tinha ido pra Europa.
- Caramba, você realmente está falando de mim.
- Sim, e esse encontro foi mais ou menos em março ou abril do ano passado... Mas e ae, você continua namorando com os 4?
- Hahahahahahahaha! Nenhum nunca foi meu namorado.
- Ah, não me engana, você estava super a vontade com eles.
- (Nessa hora já com a memória totalmente reavivada) Olha, eu estava com uma única pessoa, acompanhada, os outros eram amigos. Estava tirando com a sua cara porque você foi realmente grosseiro no jeito de falar comigo. Meus amigos que me conhecem, entraram na onda e ficamos tirando com a sua cara. Mas você lembra de tudo mesmo, então deve lembrar que eu cheguei acompanhada, por uma pessoa que foi conduzida ao palco pra tocar piano, cantar e dançar. Você começou a falar comigo, me disse que era ator, eu disse que procurava um ator... Dei o telefone, você começou a ser indelicado, meus amigos vieram perto, você me agarrou e quase arrancou meu vestido, meu acompanhante apareceu como um raio, me puxou pela mão e fomos embora da festa. Ele ainda olhou na sua cara e disse que a festa estava ficando muito sem graça. Então deve lembrar que fui embora com uma só pessoa, sem nem me despedir das outras. Aliás, eu nem deveria continuar conversando contigo, afinal, eu nem te conheço e isso se estava ou não com 4, é problema meu.
- Claro, isso não me preocupa, só pergunto porque quero te encontrar, quero te conhecer, passei vários dias pensando em você, tanto que estou te ligando ainda hoje, um ano depois, sem você nem ter me dado um beijo. Ser o número 5 da lista não é muito do meu interesse. Há chances de eu te conhecer?
- Eu já te disse que estou morando no Rio.
- Será que eu vou ter que ir aí pra te encontrar?
- Olha, eu tenho que voltar a trabalhar. Vou desligar.
- Se eu quiser ir praí eu posso?
- No que me diz respeito você pode ir pra onde quiser. Se a gente vai se encontrar é outra coisa... Agora vou desligar porque tenho que trabalhar. Falou.
- Vou te ligar outras vezes..
- Tchau.
Tu, tu, tu, tu...

26.2.08

talvez porque era pra ser assim. talvez porque era pra não ser coisa alguma e eu procuro o significado de tudo. significado e suas significantes. signos e caos. imenso desapego que ainda dá pontas de existir. mas não por coisas materiais. pessoas, aromas, lugares. procuro meu livro no que restou dos últimos seis meses. feliz, percebo que ele não sucumbiu. ainda está na estante. talvez seja hora de relê-lo. ou só não havia de perdê-lo. observo tudo na certeza de nada ser meu. poucos dias e tudo estará novamente em caixas, ainda sem destino certo. como um barco sem remo. eu bem que prefiro ser "as caixas". não se preocupam com o caminho. não querem sair do lugar. são carregadas felizes e para onde forem despachadas, se contentam. se alguma desgarra no caminho, nenhum sentimento lhes acometem. não faz diferença se estão cheias ou vazias. tanto faz transportarem perfumes, livros ou calcinhas. enquanto que eu dobro uma a uma, passo fita. escolho o que vai aqui, o que vai lá. embrulho, empacoto. resolvo o caminho. decido a direção. tenho que cuidar de cada uma, sabendo o que carregam por dentro. cuidando do conteúdo e do seu destino. e quando alguma me foge e como se me escapasse um pedaço irrecuperável.


Poxa, só hoje que vi que ganhei esse selo. Tamanha correria, loucura, sandice. Gostei bastante. Só não repassarei porque fora estar correndo louca, como sempre, não sou muito adepta de repassar as coisas. Sei que essa é uma postura chata, mas nem os emails que acho lindo e fofo eu mando, afinal, nem todo mundo tá na mesma alegria e empolgação que a gente.
Mesmo assim, gostei de ter ganhado, Obrigada Si, eu gosto muito do seu blog.
E aliás, todos os blogs aqui linkados são blogs que eu gosto muito, muito!

24.2.08

saiu quase cuspido. como um defeito, praticamente. palavras em breves espaços de acasos. quebrou a fina camada de gelo que já havia petrificado. uma fissura, talvez. longitudinal. dor e estranhamento. ainda borbulha, por mais que eu vislumbre. tão em mim que é mera melancolia. lapso descaso. desilusão.

que tudo seja por mim.
que tudo se vá por mim.
e se assim não for.
que tudo vapor.

*Mário Liz
http://meiomarmeiorio.blogspot.com/

23.2.08

é assim mesmo, desse jeito, tudo junto e descontrolado. inconformado, amassado, rasgado, suado, estampado. cara de vidraça e nariz escorrendo. sem pé e com algumas mordidas. acordar ainda bêbada. lavar a crina e esticar o dia. começar e recomeçar com tanta destreza. resquícios da nossa fissura. querer e te querer, momento do dia. chopp bem gelado com pinga. viver dói e coça.

19.2.08

Hoje é dia de festa,
É dia de jogar flores no mar,
É dia de dar presentes pra Iemanjá...

* Hoje é um dia de muitas comemorações. Incrível como tem gente nessa vida que é só cruzar o olhar que já rola uma cumplicidade e uma intimidade muito grande. Foi assim com o Nani. Hoje eu celebro a vida, a dele pricipalmente, e a minha por consequência. Há vida, sempre!!!!

Foi assim que tudo começou...

Hay que endurecer, pero sin perder la ternura jamás




Fidel renunciou...
Será o fim do comunismo em Cuba?
Como será o futuro?

Hoje me deu uma vontade imensa de ligar pra Clara. Quando estive morando em sua casa, há uns seis anos, perguntei o que seria de Cuba sem Fidel, ela somente me respondeu: nós cubanos vivemos sem a idéia do que será nosso futuro. Não questionamos, não esperamos. Quando esse dia chegar nós saberemos o que será de nós. Mas temos muito medo desse momento nessa Ilha, por isso achamos melhor nem comentar... Prefiro viver um dia por vez, como se o futuro não existisse. As vezes acho que é isso, nós cubanos não teremos futuro. Raul Castro não é Fidel, como ninguém nunca mais será o Pelé ou o Ayrton Senna.

18.2.08

finalmente sua respiração não me diz mais nada. se cheira ou fede não me diz mais respeito. saiu assim, despretensionamente, como entrou. numa noite sem lua que eu percebi sua insignificância. do luxo ao lixo em alguns meses. foi necessária uma imensa desfragmentação. foi a custo de muito suor e muito choro. dancei sozinha, comi entulho, vaguei por ruas inabitadas. tudo pelo mal que me causaste. quase desisti da festa. tomei vários litros de cachaça. dormi ao relento e fiquei desabrigada de mim. mas agora é tudo água corrida. as palavras não me cortam mais. sua ausência não me tritura. consolo é saber que não cruzaremos mais os caminhos. nem pelo recado que me mandaste, que ainda queria falar comigo. chauvinista e covarde, nem nos meus olhos conseguiu olhar. ficamos ali, cada qual em um canto. como se entre nós existisse um muro imaginário. como se não tivéssemos tido tanta cumplicidade. como se não tivesse me abandonado em uma praia deserta. insuficiência de sentimento e sensibilidade. teoria do caos.

deixa eu dizer uma coisa?

EU QUERO QUE TODO MUNDO VÁ TOMAR NO CU!

E QUEM GOSTA DISSO, QUE VÁ CHUPAR XOXOTA!

NÃO ME ENCHE O SACO QUE EU TÔ SEM PACIÊNCIA!!!

15.2.08

reconhece a queda
e não desanima
levanta, sacode a poeira
dá a volta por cima!

o maravilhoso início da pequena menina ostra

ela abriu os olhos, sentiu que o mundo podia ser diferente. deu-se o início e foi fulminante. descobriu que podia falar o que quisesse. inventou um sotaque próprio. elaborou um dialeto. desabrochou pra vida. reinventou o sexo. deu-se e comeu todos que teve tesão. sem pudores, sem temores. nada mais bastava. liberdade era seu mundo. experimentou enxofre. lambuzou na lama. rasgou a seda. desvirtuou pro mundo. enfim, criou e avoou.

13.2.08

Baila Comigo

Se Deus quiser, um dia eu quero ser índio
Viver pelado, pintado de verde num eterno domingo
Ser um bicho preguiça e espantar turista
E tomar banho de sol, banho de sol, banho de sol, sol

Se Deus quiser um dia acabo voando
Tão banal, assim como um pardal, meio de contrabando
Desviar de estilingue, deixar que me xinguem
E tomar banho de sol, banho de sol, banho de sol, banho de sol

Baila comigo, como se baila na tribo
Baila comigo, lá no meu esconderijo

Se Deus quiser um dia eu viro semente
E quando a chuva molhar o jardim, ah, eu fico contente
E na primavera vou brotar na terra
E tomar banho de sol, banho de sol, banho de sol, sol

Se Deus quiser um dia eu morro bem velha
Na hora "H" quando a bomba estourar quero ver da janela
E entrar no pacote de camarote

* Rita Lee

11.2.08

é assim, não é? tudo muda um pouco e inúmeras vezes. semana passada eu batia no peito me dizendo forte. hoje eu peço arrego. não sei se foram as palavras tão lindas que o bruno me disse ao telefone. sei que mexeu comigo, mexeu mesmo. ele se colocou a disposição pro que der e vier. disse que foi o jammil que o orientou a ligar. que perceberam que eu estou um tantinho perdida, tateando meus passos. na busca de um caminho. juntou com a tpm e com o caos todo de uma noite mal dormida. bomba, pegou em meu estômago. passei o dia pensando sobre a fortaleza e a necessidade de admitir que sou de carne e nervos. eu sofro, eu sinto. não sou de ferro e tampouco calmaria. sou tempestade e cuspo trovoadas na amplitude. plexo deslexo dos meus dias. vago sozinha na escuridão. tão só e tal e coisa que nem percebo que as ruas passeiam por mim. sem vitrines e sem chafariz. sozinha, atada, dobrada, perdida. foi-se o tempo que eu sabia de alguma coisa. hoje é tudo desolo, na maré que vai brava. alta noite, madrugada. sorriso escondido pelos meus dedos. eu sou só e essa certeza me basta. a minha amplidão me consola.

ah, a modernidade tinha que ter um limite...

11/02/2008 - 11h33
Polaroid anuncia fim da fabricação de filmes instantâneos

Da Ansa

A Polaroid, empresa norte-americana dedicada a fabricação e distribuição de câmeras e filmes fotográficos instantâneos, anunciou o fim da foto instantânea.

A empresa, que deixou de fabricar máquinas fotográficas para o público cerca de um ano atrás, anunciou no último sábado (9) o fechamento de estabelecimentos nos Estados Unidos e México onde eram produzidos os filmes.

A empresa nasceu em 1937. Nessa época produzia lentes polarizadas para uso cientifico e militar.

A primeira máquina Polaroid que tirava fotos instantâneas foi lançada no mercado em 1948.

7.2.08

quem disse que no grajaú não tem samba?








tem samba sim, samba de bamba... ou bamba que samba!

dá de tudo um pouco no carnaval de são luiz do paraitinga...

1.2.08

Eu quero é botar meu bloco na rua
Brincar, botar pra gemer
Eu quero é botar meu bloco na rua
Ginga pra dar e vender


retificando: eu vou é botar meu bloco na rua...

31.1.08

presente da chinis...



esse quadrinho foi feito pela chinis (hana*bi) baseado num post meu, do dia 22/08/07. na verdade é uma releitura dela sobre o meu post. é uma história de um quadrinho só.
adorei!
bem, não canso de repetir que a hana*bi é minha artista preferida e que eu considero a mais completa, tudo que ela coloca o dedo fica incrível!

confiram o blog dela: http://chinitblog.blogspot.com/

obs: se fosse um pouco mais atual, começaria assim: em dois anos eu mudei três vezes a cor do cabelo...

a girar, que maravilha...






sim, sim, eu sou feliz pra caraio!

Sou assim...

tem uma festa, me jogo
tem som, eu danço
tem comida, como
tem amigos, risada
tem solidão, sofá e pão de queijo
tem chuva, faço meu sol
tem fumaça, tenho fogo
tem balada, animação
tem casa caindo, puxo o cabelo
tem dor de cabeça, neosaldina
tem paixão, cabeça voando
tem indecisão, como o cantinho da unha
tem mudanca, corto o cabelo
não tem nada, me faço tudo


úmida e latejante. inebriada e escarlate. transcendendo qualquer força nuclear. resisto e insisto. mais forte que qualquer razão de ser. o meu casco duro. três tapas na cara e só uma dor. três socos no estômago e me mantenho inteira. coesa. livre, soberana. ilhada e atada. pedra dura tanto bate que fura. quebra as partes. lasca a carne. estilhaçada, abrupta. vagueio desnorteada. não há motivo que reflita. regorgito, anuncio. sou mais uma, apenas.

28.1.08

lema do meu samba. passinho na sapatilha. meu samba enredo. pandeiro, bongô e agogô do meu ritmo. todo a minha ginga. meu estandarte. sorriso melancia. auto retrato dos meus dias. cheiro e dengo. aurora e clarividência. almoço e minha janta. bamba, muito bamba. pastel e caldo de cana. rodopiando na chuva ou dormindo abraçadinho. lindo, muito lindo. doce delícia. adocica. anfetamina. destruição geral. aperta, me puxa, me cheira. todinha. quero te beber até devorar cada gota desse molho todo. tão livre, leve e solto. configura a alma. desliza em mim. nuvem de gozo. alucinação. tão tão e só e coisa. assim, suspirando em mim.

sapataria classe!



nem parece que ela fica na apinagés, em perdizes.
detalhe: a frase muda todo dia, de acordo com o humor do sapateiro.
SALVE MARIA!

foto by ericatz
http://maismalagueta.blogspot.com/

café ralo, chuvinha janeiro inteiro, cachoeira densa, fogão a lenha, tutu e angu, cheiro de mato, faixa de gaza, amigos de velha data, raito de sol, teatro na praça, casamento à moda antiga, galinha caipira, conversa madrugada toda, balada chata, conhecer todo mundo, rir e rir e rir mais um pouco, poesia e cordel, sobrinha delícia, maracanã e o eterno valdir, orquídeas, casa da mama.
definitivamente, minas é um estado de espírito.
é sempre bom estar em casa!

25.1.08

imperdível!









Ai, tô me roendo, acho que não vou conseguir ver...
Mas fica aqui uma dica de um ídolo!

"DAVID LACHAPELLE, "HEAVEN TO HELL - BELEZAS E DESASTRES"
MuBE - av. Europa, 218, Jardim Europa, São Paulo
(um serviço de vans transportará visitantes do estacionamento coberto do Shopping Iguatemi para o museu diariamente, a partir das 13h)
De 24 de janeiro a 5 de fevereiro, terça a domingo das 10h às 19h
Grátis

24.1.08

meu nome é saudade...
cabo verde tem um pedaço de mim!

22.1.08

mondrian virou prédio na rainha elizabeth. pior ainda, mondrian virou prédio de granito na rainha elizabeth. pra complicar ainda mais, colocaram uma escultura medonha na entrada do prédio. pobre mondrian, como se não bastasse ser considerado o pai do design publicitário...

21.1.08

palavra é ordem. permitir-se é muito mais que simplesmente ampliar. ter e ser. tecer asas em pensamentos. contestar. refutar. clara luz que já não espanta. deixar-me sentir. sem quesitos e prolongas. inconstante, meio assim em devaneio. sou uma e tantas que confundo-me com frequência. prazer ao menos. sem pudores nem tremores. entrelaçar e ser. um e todos. nada mais em nada. como se só tivessemos nós e isso bastasse de um tudo. imensidão e um metro quadrado. tão belo e entregue. soaram sinos no vazio. foi sim, foi isso. olho no olho, cortante, arrepiante. michê e meretriz. cupuaçu e maniçoba. chove dentro de mim. inunda a alma. escorre do ouvido. chove a rua toda, o dia todo. tacacá pra recomeçar. ressaca de vida vivendo.

17.1.08

parece tudo um pouco mais estranho. não sei se foram as borboletas que brotaram dentro do meu estômago desde ontem, no pôr-do-sol. o dia mais lindo que já tive no rio, desde então. foi mágico e tudo misturado ao mesmo tempo. tinha sol, chuva, temporal, pedra da gávea e um cheiro de ventre. exposto, virado, surrado. era assim, toda imensidão em mim. não me dei nem ao absurdo de pensar quão bonito era o momento que estava vivendo. beleza é algo que brota dentro da gente, depende dos olhos de quem observa. sábia cecília meirelles e seu poema. janela que descortina o mundo. pode ter sido esse cheiro de naftalina que está no meu nariz. melancolia e acaso, plácido limiar. é noite, mas arde em mim a amplitude de um sol que não cessa jamais. alumia a alma. afloramento e dimensão. torra a pele, inebria o ar. verte das estranhas como escorre pro mar. tão tal e só e coisa que já não posso sustentar. absorta em mim, permito o alvorecer. já sou relva, espinho e sal. magnífico borbulhar.

15.1.08

eles passarão, eu passarinho!

meu nome é saudade...

de trabalho com diversão


da vodka k do sarajevo e o que ela nos proporciona


das baladas alucinantes e intermináveis


de bater cabelo (quando eu ainda tinha)


da marida pra cuidar um pouquinho da minha cabeça


das exposições loucas de sampa


das loucuras nas exposições


do meu all star laranja


da arte da amiga chinis


da amiga chinis e toda sua sabedoria


da amiga anrrrelita


do meu bebê gostoso


dos domingos de pacaembu


do meu timão com o estádio lotado


das manhãs de café e muito sol


da vista e da casinha de sampa