18.3.08

pode parecer ridículo, até um tanto pretensioso, mas foi um sonho louco. não sei se porque as duas são mulheres que eu muito admiro ou se ultimamente eu ando lendo muitas coisas delas. sonhei que fiz uma mega balada acompanhada por alice ruiz e clarice lispector. inusitado e muito engraçado. clarice era a mais mal humorada, reclamava de tudo um pouco. sempre com um copo de gin tônica na mão e um cigarrinho entre os dedos. alice era pura fantasia. andava no embalo da bebida, da música da dança. eu era a nossa adrenalina, escolhia os lugares, delimitava os espaços. não deixava a noite ter fim. é impossível lembrar uma frase inteira que foi dita nessa longa madrugada. mas tudo era denso e transcendia em mil vertentes femininas. questionamentos sobre a alma masculina. alice os defendia a todo momento. acho que é porque alice foi casada com leminski, o que até me dá uma certa admiração e um tantinho de ciúmes. eu também queria ter sido amada por leminski. ou simplesmente queria ter convivido com esse grande amor. eu e clarice compartilhávamos dos mesmos sentimentos. uma coisa meio sado, meio maso. gostamos de tratar mal, desdenhar. inversas e ambíguas. admitimos que não vivemos sem, mas que a melhor parte é gritar pro mundo que não dependemos deles pra nada. e clarice me confidencia que já fez de tudo por um amor. alice é apaixonada e diz que só o entrelaçar das pernas vale qualquer mágoa que possa vir um dia. e foram mais tantas discussões e convívios que eu até acordei cansada. procurei-as quando acordei, de tão real que foi a experiência. tentei entender toda essa noite catarse. de todas as explicações que eu imaginei, a que mais me convenceu é que eu era todas. eu em cada fase e força evolutiva. eu apaixonada, eu amarga, eu louca. era eu tentando me defender e me acusar dos meus próprios questionamentos. era eu me assumindo, me encontrando e me perdendo. deliciosa experiência de auto-conhecimento.

1 Comment:

david santos said...

DE ESPÍRITO COBERTO

Que xaile negro nós somos,
Sempre negro, mesmo ao invés;
Mostra algumas clareiras,
onde reina a estupidez.

Uma Santa e Feliz Páscoa