18.1.07

conto os segundos de minha ansiedade. olhar grudado no relógio. celular sempre a mão. uma hora chega a durar um dia todo. passinhos entre a sala e o quarto. uma olhada por sob a cidade, que fervilha lá fora. aqui dentro, o único movimento é minha irritação frenética. que fala comigo através do espelho. memorizo tudo que tenho pra falar. ordeno no papel, frase por frase. daqui a pouco, daqui a pouco. com isso eu cozinho, cozinho o almoço, o lanche da tarde, o jantar e a ceia. não há mais espaços pra tanta comida. as receitas da internet e minha invenções. o livrinho de receitas feito por mim. as panelas. e zupt, irritação. mas nada, ainda? volto a rodopiar pela casa. resolvo adentrar a frenética cidade. meia hora pra conseguir sair do quarto. mais meia hora pra chegar ao elevador. perdida, ando pela rua como se não houvesse movimento. não vejo os rostos, só os vultos e as sombras. pego o celular e mensagem de texto. é a operadora me lembrando que devo os tubos pra eles. nenhuma vontade de cobrar quem me deve... ai, essa ansiedade vai me deixar sem estômago.

1 Comment:

Erica Gonsales said...

ô, dó... mas também, é preciso mágica de emoção na vida, pra escapar de viver tão realmente. se a comida fosse só alimento, que graça teria? se danar de paixão é melhor que se danar, simplesmente.
beijo e saudade