28.2.07

em processo de (des)constru(i)ção

bolhas de sabão na rua
chuva leva e lava tudo
coração pulsando no peito

Você é um grande

filhodaputa

Olha que isso até pode ser qualidade...
Eu posso ser mais cachorra que você!

abro a porta. clic
dois passos. clic.
encontro seu corpo. clic.
aconchego. clic.
clic. clic.

Liberdade. Totalmente complexa e despudorada. Ambígua e enraizada. Sou livre porque assumo meus defeitos. Conheço minhas qualidades. Aceitos todos os meus sentimentos. Vivencio tudo aquilo que acho necessário pra minha existência. Essência. Conheço meu corpo, meus gostos. Deixo-me falar o que considero fundamental. Não me importa quem escuta, quem pensa. Cuspo trovões e respiro tormentas. Não guardo nenhuma mágoa em meu peito. Costumo não me arrepender dos fatos. Eles são atos. Ser ou me sentir livre é sim me dar o direito de chorar, gritar e berrar. Eu também sou de carne e osso... E muitos sonhos.

26.2.07

Tenho uma raiva gigante, mas eu... Eu ainda me apego a você. E me pego vislumbrando... Suspiros!

mergulha em mim
abraça
morde
aperta
espanta
dança na corda bamba
canta, canta
me tira da roda
deixa toda torta
me gira no ar
pega de jeito
sacode o cabelo
me aperta em seu peito
faz borbulhar
afoga
afaga
me laça
encanta, assanha
risca, corisco
imensidão em nós

chega de colar a cara na vidraça. é o momento e dou um basta. estou pirando e não me dei conta. na verdade eu quero. seu sorriso bonito e seu mistério. e todas as mil fantasias (fantasmas) que te cercam. o dedos e os anéis. quero ir no baile e dançar contigo a noite inteira. sentir o vento no cabelo. imaginá-lo em todas as posições possíveis. dormir junto e acordar brilhando. falar de tudo e nada ao mesmo tempo. deitar na sombra e beber água. ver as nuvens voando sobre nossas cabeças. falar besteira e ficar séria. quero água gelada da geladeira. quero tomar na sua caneca. quero as gotas da sua boca. quero seu suor escorrendo por meu corpo. é, eu quero sim, e vou te dizer isso hoje, agora. porque eu quero eu e você e nossa história.

23.2.07

na boca do povo

- "você está ficando burocrática, agora é preciso marcar horário na agenda."
- "te achei esquisita. e adorei isso."
- "uma lenda urbana, é isso que você é."
- "você tem que pintar o cabelo de loiro, acho que ia combinar com seu rosto."
- "tá mais louca que sempre. acendeu a boca do fogão errada, gata."
- "a senhora não vem? já tô te esperando há duas horas."
- "mas porque você marca três coisas ao mesmo tempo? depois fica aí que não consegue fazer nada direito..."
- "bixa, a senhora é o cão."

22.2.07

é tão estranho. enxergar e não pode olhar. mas as coisas andam estranhas mesmo. parece que tudo virou de cabeça e não encontrei o fio da meada. se é que eu o perdi em algum canto. se é que eu tenho meada. ou já devo estar devendo mais essa também. o estranho é que te vi entre todos os carros na rua. pois é, eu estava dentro do ônibus, cedinho, aquela jeito de manhã de semana começando. tava meio assim, com gente sem gente. muitas olhos e nenhum rosto. consegui sentar no meu banco preferido. aquele altinho, que a janela fica na altura da perna. dá pra ver tudo do lado de fora. sentei com ares de não quero amigos, incrível como as pessoas me acham com cara de "tem orelha pra ouvir o mundo". não queria papo e fechei a cara. abri a janela pra entrar ventinho. e ali na doutor arnaldo, perto das flores todas, te vi andando. seu passo mesmo. aquele jeitinho de jogar a cabeça pro lado. eu sabia que não era você ao mesmo tempo que tinha certeza que era você. a mesma blusa, o mesmo braço balançando. levantei, dei sinal, atravessei todos os mil faróis que insistiam no vermelho. pude ainda vê-lo indo pra longe, derrentendo entre o asfalto quente. eu vi e não vi, tudo junto, porque sei e não sei que era você. depois ainda vieram com histórias e mais histórias. tá tudo tão estranho mesmo. diz que diz do caramba, logo eu que odeio tudo isso. ainda veio o convite pra festa. aparece mais um louco ativo no momento. louco com carta de recomendação de loucura. e de outros atributos que eu prefiro não conhecer. só que dessa vez eu não tô pagando pra ver, não. no final, eu vejo e não enxergo, ou vice-versa e dá no mesmo. vira e volta e eu fico me remoendo. tá confuso, isso tá mesmo. ou tudo "amudernou" e eu não acompanhei o passo. um tanto de coisa que eu desconheço. olha que faço a linha "vambora". mas nos últimos tempos foi tudo um remelexo. só com muita dose pra descer pro estômago. é, tá estranho mesmo. quanto mais eu vejo os relacionamentos, mais quero distância deles. isso me assusta e me acalma. essa sociabilidade, que exige muita democracia pra existir, me irrita demais. cansei um pouco disso, cansei das pessoas. é, tá vendo, tá tudo muito estranho mesmo. tá difícil.

21.2.07

agora só me restam as serpentinas da vida...

amor

suor
olor
ardor
sabor
calor
torpor
frescor
estupor
frendor
despudor
suspirador
fluticolor
inspirador
destilador
suspensor
acelerador
maturador
flutuador
amor!

a gente é só amigo
e de repente
eu bem que podia
ser essa mosca
perto do teu umbigo

* alice ruiz

** não fosse por mais nada, eu com certeza iria amá-la só por esse poema, ou por leminski...

Iyalode - Damas da Sociedade

Recomendação: assistam!
É uma das últimas oportunidades de vê-lo sem ser aqui em casa...
Um dos trabalho que fiz que mais gosto.


Matéria publicada hoje, 21/02/07, jornal O Tempo - Belo Horizonte

Filme mostra candomblé em SP
JULIA GUIMARÃES / ESPECIAL PARA O TEMPO

A história da chegada e evolução do candomblé na cidade de São Paulo está retratada no documentário "Iyalode – Damas da Sociedade", que será exibido pela primeira vez na TV Cultura amanhã, às 23h40.

Dirigido pela jornalista e cineasta Maria Emília Coelho e pelo cientista social José Pedro da Silva Neto, o filme relata a vida de algumas das mães-de-santo mais antigas de São Paulo, que, no final dos anos 1950, trouxeram o candomblé para a capital.

Além do resgate histórico, outro recorte temático presente no documentário se relaciona ao papel da mulher na religião. O assunto é abordado a partir da participação de quatro mães-de-santo emblemáticas na cidade: Mãe Pulquéria, Mãe Juju, Mãe Ada e Mãe Sessu.

De dentro do terreiro, os documentaristas mostram a rotina dessas mulheres e gravam depoimentos sobre como a escolha do candomblé determinou e transformou suas relações familiares e sociais.

"A mãe-de-santo representa uma figura muito importante no candomblé. É o ser guardião das pessoas, o conselheiro, e acredito que essas características são muito comuns também ao universo feminino", sugere Maria Emilia Coelho, diretora do trabalho.

A fim de promover um diálogo entre as mães-de-santo, os documentaristas realizaram um inédito encontro entre as quatro, que ocorreu na praia de Juqueí. "O mar possui toda uma representação, tanto para o Candomblé em si mas também em referência à África, já que a religião veio de lá através do mar", revela.

Durante o encontro, algumas mães-de-santo contam que inclusive já estiveram na África, mas curiosamente se decepcionaram com a prática do candomblé adotada por lá.

"Como toda religião afro-brasileira é muito sincrética, não existe um padrão, cada um tem a sua visão, sua forma de tocar o terreiro. Claro que existe uma tradição que é respeitada em todo lugar, mas talvez devido a essas diferenças elas tenham se decepcionado", supõe Maria Emília.

As mães-de-santo também conversaram sobre a dificuldade da religião permanecer diante dos atuais valores da modernidade.

"Elas criticam alguns terreiros que não seguem a tradição de forma correta e contam as dificuldades que enfrentam para manterem a religião, já que ela exige muita dedicação, contato com a natureza, além de certos períodos de reclusão. O grande desafio abordado é sobre como manter a tradição no dia-a-dia de hoje", adianta.

O documentário é dedicado à Mãe Manudê, figura fundamental na história do Candomblé de São Paulo. Ela comandava o Terreiro Santa Bárbara, na Vila Brasilândia, e faleceu em 2004, aos 84 anos.

AGENDA – "Iyalode - Damas da Sociedade", amanhã - 22/02, às 23h40, no programa Doc Brasil, da TV Cultura.

20.2.07

Hoje decretei falência de muitos sentimentos

coloca a sua roupa mais bonita
só pra desfilar arrogância
com essa cara lavada.
é tão difícil perceber
que a vida não é só isso?
nada disso importa
nem seu dinheiro,
nem seu carro importado,
nem seu perfume caro.

nada disso me convence que você também é gente.

A pessoa é para o que nasce...



Com o coração partido por não desfilar na Vai-Vai esse ano, me dirigi pra Minas. Só pra ter um carnaval tranquilo. Mas quem tem o samba na alma não consegue ficar longe da avenida. Assim, de susto mesmo, fui convidada pra ser comissão de frente do bloco Mocidade Independente, aqui em Pouso Alegre mesmo. Aceitei na hora, mesmo sem ter ensaiado coreografia nenhuma. E olha, modéstia de lado, não fiz feio, não. Adorei, me acabei com gosto. Todas as bolhas do mundo agora estão nos meus pés. Mas na avenida eu não senti dor nenhuma. Só uma alegria contagiante.

16.2.07

Mineirices

* Mineiro sempre se encontra, isso é incrível. Mais incrível ainda é encontrar dois, na Paulista com a Brigadeiro e cumprimentar como se estivessemos juntos ontem de noite. Trocar meia dúzia de palavras e sair como se nada tivesse acontecido.

* Estava com fome andando por um bairro nada comercial e avistei um Café. Entrei disposta a comer qualquer coisa que tivesse. Pedi um salgado e sentei perto de um congelador desses com frente de vidro. Ouvi as donas conversando e percebi o sotaque mineiro. Comecei a olhar pro congelador. Surpresa! Tinham pacotes congelados de pastel de farinha de milho. Lá eram chamados de pastel de angu, mas eram os mesmos de sempre. Vários sabores, coisa que nem nas carrocinhas de Pouso Alegre tem. Não aguentei e falei pra elas que estava emocionada. Mineiro que é mineiro se entende, elas se propuseram a sempre que eu quiser é só ligar que trazem até em casa. Mesmo tendo que atravessar a cidade toda, falaram que deixam quando passarem por esses lados. E ainda complementaram: leva hoje não, cê vai pra lá essa semana mesm. Come o de lá, fresquinho.

* Sem combinar nada, todo mundo vai voltar pra terrinha no carnaval. E todos com a mesma desculpa da falta de grana. Foi um mandar email e pronto, já rolou até combinação. Diz que tem carnaval de rua numa cidadezinha da região. Diz a outra que é uma droga, mas mesmo assim, aceita ver qual é. Diz também que tem piscina. E eu não fico sem a cachoeira. Tô começando a gostar bastante da história.

* Bão, vou lá brilhar os olhos, ver estrelas e pular na cachoeira. Inté!

14.2.07

tudo que diz respeito a você me interessa. já disse isso mil vezes e repito. se o seu dia foi ruim, eu ficarei de mal humor. se você está rindo à toa, minha vida fica mais leve. por isso quero saber sempre. não porque minha vida depende da sua, mas porque sua vida está totalmente relacionada a minha. te amo não porque você me é indispensável, mas porque você é um superflúo que me inebria a alma.

Futilidade

Não sei quem gostou mais do laptop e wireless aqui em casa. A Negha foi quem adquiriu tudo, mas eu... Fiquei encantada com a novidade. Por muitos motivos. O melhor é poder navegar na internet num PC. Tá, eu amo meu mac, ele é tudo, tudo, embora velinho, mas mac definitivamente não é bom pra futilidades da internet. Muitas páginas não abrem direito e muitos sites nem têm versão pra mac. Usar o netbank também dá trabalho, tem alguns macetinhos pra entrar na página inicial.
Com a minha nova fase de trabalho, que fico muito mais trabalhando em casa que em qualquer outro lugar, foi perfeito. Consigo trabalhar na sala, com a tv ligada bem baixinho. De um lado a tv ligada, do outro a maravilhosa vista de São Paulo. Trouxe meu arsenal pra cá, num canto celular, no outro fone fixo. Bolsa ao alcance das mãos e a constante xícara de chá verde, super acessível.
Já até reparei em algumas necessidades... Trazer a cadeira do computador do quarto, porque a da sala é uma droga pra ficar horas sentada. Deixar o cigarro sempre no quarto, que me faz fumar bem menos. Ah, também já estou pensando em providenciar uma cortina, de manhã, eu frito no sol. E no inverno vai ser impossível ficar a meio metro da janela. Pro inverno também vou precisar de gorros e luvas. Esse apartamento chega a ficar mais frio que a rua.

Isso me irrita muito...

As pessoas inventaram uma nova gíria pro momento: aquecimento global!
Tudo é o dito aquecimento global. Mas só agora que o povo tá tostando na sombra que rolou a tal boom do aquecimento.
O que me irrita é que a ECO 92 rolou há 15 anos atrás e tudo isso ficou bem claro na época. E olha que eu só tinha 13 anos, mas lembro bem do pânico que me deu. Ainda falavam que meus bisnetos teriam problemas no mundo, hoje em dia já sei que meus filhos terão problemas em sobreviver nesse planeta.
Vamos todos virar protomutantes. Só assim pra conseguirmos aguentar.
Até o porteiro dá como resposta pra tanta chuva o tal aquecimento global...
Mas reciclar o lixo, isso ainda pouca gente faz. Ou economizar energia. E ainda continua o papo de transposição do Rio São Francisco e pior, querem construir as tais usinas nucleares lá. Diz, vão repetir o mesmo erro de Angra?
ainda não estamos satisfeitos com tudo isso?

já sofri de tudo um pouco na vida. dores físicas. já tive muitas doenças malucas. usei bota, aparelho, óculos. nasci torta, isso é uma realidade. lutei desde o começo. não tive um minutinho de sossego. nasci depois de muito esforço. os médicos tentaram impedir. minha mãe ficou de repouso toda a gestação. eu insisti e vim pro mundo. do útero direto pra uti. semanas de encubadora. depois direto pra casa. quarto fechado por três meses. eu lutei desde o começo. já tive dor de dente, enxaquecas, cólicas, dor de ouvido. já sofri desilusão, desconsolo e fraqueza. já passei por maus momentos. saí de casa com dezessete anos. mudei pruma cidade que nem sabia me locomover. cheguei sem conhecer ninguém. tomei muitos tapas na cara. fui humilhada no mais íntimo que tenho. já tiraram as lascas. mas nada, nunca, foi tão forte como a dor de uma saudade.

em três dias eu eliminei vinte quilos dos meus ombros e quinze anos de terapias:
- vi o reencontro de quatro amigos. incrível, homens são como mulheres, sentem ciúmes dos amigos. são iguais mulheres porque têm dores de cotovelo também. são iguais as mulheres porque fazem fofocas. enfim, são iguais em praticamente tudo. mas fingem que não são;
- resolvi que esse ano ninguém me dá o cano e já consegui reaver muito do que estavam me devendo;
- consegui desentalar um nó que estava na minha garganta com um email e um telefonema. esclareci tudo o que aconteceu e recebi notícias maravilhosas. o melhor caminho entre dois pontos continua sendo a linha reta.

13.2.07

peguei um ônibus errado. pode parecer muito idiota, mas confundi 478P-10 com 477P-10. foi um número só, mas o itinerário é totalmente diferente. peguei o ônibus errado as 6 da tarde e isso me custou 4 horas a mais pra chegar em casa, mais 2 ônibus diferentes e uma passagem extra. realmente, viver nessa cidade é para poucos!

tomei a decisão que me cabe. remexi no velho baú dos estulhos. engoli naco por naco do que estava entalado. mandei emails que deveriam ter sido enviados faz tempo. expliquei o inexplicável buscando alguma redenção. sempre faço o mais fácil. desaparecimento. lembro bem que na época fiquei triste com o rumo das coisas. estava tão cheia e o balaio ainda fervilhava. resolvi esperar a poeira cair. a tempestade passar. sei lá o que me fez vasculhar aquela caixa que eu nem imaginava que existia. te vi bem mais forte que eu. tentando estabelecer algum contato e entender o que estava passando. emocionei-me com a frase: não quero ficar com uma má impressão de ti. eu, tão prepotente... você, tão doce. estou agora aflita. não quero que me tenhas de uma forma negativa. sou sua fã, incondicional. admiro pelo seu trabalho e sua meiguice. mas tudo aconteceu de uma maneira tão estranha e no pior dos momentos. perguntei hoje sobre o filme. ainda tenho orgulho de tudo isso. em tempo, fomos uma boa equipe.

sem dinheiro não há muita inspiração, não...



Ai, até me dá vontade de ser mãe...

Tatona, parabéns!

Clarita é a mais fofa do mundo, Pedrito é o mais gostoso do mundo todo!

11.2.07

o passado está tão enraigado em mim que não enxergo o presente. esse é o meu maior defeito. poucos momentos de lucidez. querendo apenas o impossível. sofrendo uma dor latente. buscando maneiras de viver o real.

Ele-Poeta

Entre sonhos grandes e grades certeiras,
Ele-Poeta caminha.
Caminha em versos viveiros, amores morteiros, canteiros de todas as flores.
Flores contidas, abertas. Embriões, botões.
Botinas sem solas em chão de espinhos.
Enxame. Exames de rotina. Retina e artéria. Coração que não pára.
TaquicarDIA. Noite também. Ele Poeta têm noites. Uma noite por hora.
Pores-do-sol nos instantes. Antes mesmo do dia nascer. Nascer no ser.
Tecer ou não ser. Séries de vida. Seriados. De tempo em tempo, temporais. Porões. Ratos. Ritos. E uma brisa rente. Sim, às vezes dias de paz.
É paz, é pedra. E Ele-Poeta caminha. Caminhada. Caminh’alma. Erguendo pontes. Pintando telas. É o verso arco-íris destilando o cinzeiro. Passado de cinza.
Foto de cheiro. É assim o Amor-Primeiro. E o Segundo-Terceiro.
E por fim, adiante... Ele de fato caminha.
Ele-Poeta em verso meu. Eu-Poeta em alma minha.

* Mario Liz

relendo tudo e procurando nada. folhas e folhas de papel. muitas fotos pelo meio. até aquelas que escondi dentro do livro de captação de recursos e mercado cultural. foi engraçado encontrá-las. espalhei uma a uma pela cama. já não dizem nada e significam tanto. o alto do pico do papagaio. cachoeira dos macacos. cachoeira das fadas. o vale do matuto realmente é encantador. vale das bromélias. vale das borboletas. minas geraes e todos os seus cheiros. lembro das casas com alpendre. pé de couve no quintal. café no bule com pão de queijo e broa. causos e causos na lareia do seu dito. gosto de guraná. a vaca mojando. tinha também uma única búfala perdida. o pássaro preto que adorava cafuné. ladeiras de minha adolescência. cada passo um tropeço. matava aula pra ir pra caixa d'água. tudo tão instante. constante. tinha também sempre missa, capela e procissão. minas não existe sem seus santos. tem fé e glória. libertas quae sera tamem. tem a praça. é, não pode faltar a praça. trenzinho, bexiga, pipoca, fonte, centro. em algumas cidades o povo dá voltas e voltas pela praça. um processo contínuo e supostamente sedutor. tem banda também, sempre. coreto e sino. pôr-do-sol com direito a vista. seca e água. inspira e respira poesia nas ladeiras de ouro preto. marília de dirceu. festival de inverno. fonte dos amores. bondinho de poços de caldas. horizote de belô. congada em santana. pastel de milho e caçulinha. nostalgia que inebria.

9.2.07



a ferida aberta. purelanta e fétida. parece que não é meu o que é tão meu. como se olhasse pelo lado de fora o que passa comigo. cenas de um filme que eu não conheço o roteiro. nem consigo produzí-lo. vai no balanço da maré. apenas observo espectadoramente. as vezes quero fugir e largar tudo. outras quero apenas que tome o rumo devido. que eu também não sei qual é. dormir e não acordar hoje e nem amanhã. acordar daqui 10 anos. ou 10 anos atrás. começar de novo. juntar os cacos. colocar a moldura. ir prum lugar que ninguém me conheça. esquecer tudo que lutei pra aprender. sinto que ainda não é essa a minha vida. mesmo com tudo que consegui. permaneço alheia. esconder a cabeça no buraco. dar o adeus que nunca dei. já tentei resolver as pendências. não adiantou nada. o que foi já é feito. nada muda. não adianta dizer que não era a intenção. que algo se perdeu. imaturidade não é resposta pra nada. dor também não. pensar demais é o problema do momento. tudo é tão sem pretensão. não me dou o luxo de vislumbrar nada. o marasmo me domina.

7.2.07

é, eu gosto assim, tudo bem prático e rápido. facilmente resolvido. algumas mensagens de celular. poucas palavras. fica evidente o que eu quero. sem enrolação. nenhuma frescura. nos acertamos assim mesmo. essa vida prática moderna. combinamos a cor da pele e os detalhes. tudo do jeito que gostamos. canalha e bem preparado. essa mochila mágica. seus brinquedinhos fantásticos. adorei todos eles. queria ficar com um, pode ser? é baby, eu sou muito bem resolvida!

Não adianta, um dia todo homem se torna grosso. Pode tentar disfarçar de homem sério, educado e gentil, mas um dia, quando você está desprevinida, toma a maior patada do mundo!

6.2.07

Os anos que trabalhei com web me levaram a pegar raiva de sites com navegação burra. Uma boa navegação, bem arquitetada com a informação fazem a vida muito mais prática e rápida, como a grande rede deve ser. Tudo ali, acessível em um clique. O blogspot tem uma navegação muito idiota, praticamente nenhum menu de apoio inteligente. E ainda em alguns computadores se autoconfigura para o idioma japonês. Mas eu ainda continuo escrevendo aqui compulsivamente.

Nada pode melhorar o trem do rio Pinheiros. Não adianta que a plataforma tenha música relax ambiente. Não adianta que o trem seja espanhol, com musiquinha e ar-condicionado. A vista da plataforma é uma coisa submundo e o cheiro é medonho. Dá pânico e muita tristeza ver o que o homem consegue fazer com um rio. Se é que o Pinheiros ainda pode ser chamado de rio. Mais parece um esgotão bem podre a céu aberto. Fora a vista panorâmica do buracão do metrô. Odeio quando tenho que ir na Berrini.

5.2.07

“A mulher madura nada no tempo e flui com a serenidade de um peixe. O silêncio em torno de seus gestos tem algo do repouso da garça sobre o lago. Seu olhar sobre os objetos não é de gula ou de concupiscência. Seus olhos não violam as coisas, mas as envolvem ternamente. Sabem a distância entre seu corpo e o mundo.“
- Affonso Romano de Sant'Anna -

vislumbrei e assimilei. já deitada, sentei num sobressalto. dentro da caraminhola louca do meu cérebro, estiquei todo o fio da história. foi excepcional e doloroso o momento da compreensão. agora tudo ficou mais claro e fácil, no entanto, mais cruel também. é o mesmo motivo que me une e me separa dos meus elos. sou ao mesmo tempo amena e prepotente. básica e exigente. folha por folha, arranco o broto. no talo. conhecendo-me posso traçar estratégias. eu acho que é isso. ao menos esquematizá-las sabendo que não siginificam nada. e significam tudo ao mesmo tempo. é aquilo que me diziam, a ponta dos dedos, se bobear reflete no cotovelo. já detectado o problema posso tentar não sofrer tanto. investigar todos sintomas que levaram a tal diagnóstico. tentar desviar das pedrinhas. alterar o curso do riacho. conter um pouco de toda essa loucura que amortiza e petrifica. sempre é tempo de transmutar a vida.

4.2.07

para uma pessoa que tem luz própria...

é por ser assim. é por ser você. é pelo brilho dos seus olhos. é pelo frescor da manhã contigo. é pelo suor escorrendo. é pelo acordar incandescente. é pelo seu sorriso lindo. é pela miragem/paisagem do seu corpo. é por tudo isso que te amo.

* feito em um momento de saudade extrema e muita gratidão

2.2.07

a pessoa é para o que nasce

dois dias de cama e muitas conclusões. a dor muito forte ampliou os sentidos. tudo passou a ficar mais claro. talvez limpo até demais. rematutei cada acontecimento. agora eu tenho certeza. sim, é tudo e muito mais de muito. acho que foi a cefalexina que me fez ter certeza. inacreditavelmente ressurge aquela luz tão esquecida. ressurge mais ou menos na mesma época que deu-se o apagão. e que foi na mesma época que deu-se a erupção. tudo com um ano de intervalo no meio. com isso somam-se três anos e nenhuma profecia. em um espasmo de segundo vem tudo a tona e fica girambolando pela cabeça. por isso eu lembrei dos nossos carnavais. o confete da minha serpentina. aquela marchinha. nossa conversa maluca no telefone pra tentar turbinar alguma coisa. turbinou a alma e o pensamento. naquela sexta feira de carnaval que não tinha nenhuma segunda intenção. foi tudo social. falei da piscina. contei histórias - meu ponto forte. e o erro foi experimentar a história e ver desfiles do sambódromo. eu gritava que esse ano ia abalar o anhembi. você ria da minha falta de ginga. e não sei em que momento perdemos a consciência do que estávamos fazendo. mas perdemos e foi cruel. e foi fantástico. e foi todo o sambódromo dentro do quarto. e tive que fugir de você, sem querer partir. só mais uma antes de ir embora. o carnaval perdoa tudo, lava a cara.

1.2.07

realmente é muito difícil. é muito difícil tentar ser a pessoa que não sou. tentar fingir que não ligo. que nada me importa. que pode ir e vir quando bem entender. é difícil fingir que sua ausência não me sufoca. demonstrando com toda força possível que não me abala essa sua falta de assunto. corrompe os meus nervos de flor. destoa dos meus tons. causa um enorme vácuo em mim mesma. só posso tomar uma coca cola pra tentar digerir. diz por aí que ela até leva essas coisas pro estômago e desfragmenta o pedacinho de você que ainda existe, mais vivo que nunca, em mim. litros e litros de coca cola pela casa. também tem seus acasos pelo quarto. escondi uns tantos, porém tem outros que não ouso mexer. fora seu retrato na minha retina. não apaga nem com a miragem de um dia juntos. escancarou minha entranha. tornou público e superflúo o que me era essencial. abandonando-me ao delírio. delírio de sua boca.