22.2.07

é tão estranho. enxergar e não pode olhar. mas as coisas andam estranhas mesmo. parece que tudo virou de cabeça e não encontrei o fio da meada. se é que eu o perdi em algum canto. se é que eu tenho meada. ou já devo estar devendo mais essa também. o estranho é que te vi entre todos os carros na rua. pois é, eu estava dentro do ônibus, cedinho, aquela jeito de manhã de semana começando. tava meio assim, com gente sem gente. muitas olhos e nenhum rosto. consegui sentar no meu banco preferido. aquele altinho, que a janela fica na altura da perna. dá pra ver tudo do lado de fora. sentei com ares de não quero amigos, incrível como as pessoas me acham com cara de "tem orelha pra ouvir o mundo". não queria papo e fechei a cara. abri a janela pra entrar ventinho. e ali na doutor arnaldo, perto das flores todas, te vi andando. seu passo mesmo. aquele jeitinho de jogar a cabeça pro lado. eu sabia que não era você ao mesmo tempo que tinha certeza que era você. a mesma blusa, o mesmo braço balançando. levantei, dei sinal, atravessei todos os mil faróis que insistiam no vermelho. pude ainda vê-lo indo pra longe, derrentendo entre o asfalto quente. eu vi e não vi, tudo junto, porque sei e não sei que era você. depois ainda vieram com histórias e mais histórias. tá tudo tão estranho mesmo. diz que diz do caramba, logo eu que odeio tudo isso. ainda veio o convite pra festa. aparece mais um louco ativo no momento. louco com carta de recomendação de loucura. e de outros atributos que eu prefiro não conhecer. só que dessa vez eu não tô pagando pra ver, não. no final, eu vejo e não enxergo, ou vice-versa e dá no mesmo. vira e volta e eu fico me remoendo. tá confuso, isso tá mesmo. ou tudo "amudernou" e eu não acompanhei o passo. um tanto de coisa que eu desconheço. olha que faço a linha "vambora". mas nos últimos tempos foi tudo um remelexo. só com muita dose pra descer pro estômago. é, tá estranho mesmo. quanto mais eu vejo os relacionamentos, mais quero distância deles. isso me assusta e me acalma. essa sociabilidade, que exige muita democracia pra existir, me irrita demais. cansei um pouco disso, cansei das pessoas. é, tá vendo, tá tudo muito estranho mesmo. tá difícil.

4 Comments:

XTO said...

Você devia ter mais cuidado na Doutor Arnaldo. Ali tem um cemitério e pode ser que você tenha perseguido um morto-vivo.

Ivo La Puma said...

Olha, o pior mesmo é se ver. É terrível. Mas depois, você se acostuma (pois se conhece). E aí, tudo já não é mais estranho, fica um saco (pois já é conhecido). Só continua difícil. Sempre é difícil...

Beijos!

Ivo La Puma said...

Ah, me esqueci... Viva o novo Blogger! rs...

Anônimo said...

Nossas cabeças complexas tem mesmo esses momentos em que nos mostra tudo de uma forma muito estranha.
Enxergar e não ver, escutar e não ouvir, tocar e não sentir. Mas o pior é estar com alguém e não sentir nada.
"Socorro eu não estou sentindo nada..." Lembra dessa música?
Bem a ver com seu relato.
Sua sensibilidade é superiora á essas estranhesas.
Beijos, menininha.